A MULHER E O PEIXE BOI

Há tempos que a mulher vem conquistando seu espaço na sociedade, em um passado não muito distante o preconceito machista encobria o valor da mulher que se destacava como verdadeira heroína.

Submetida a uma posição subalterna quando ela se sobressaia, muitas vezes era discriminada pelas próprias colegas que a taxavam de oferecida e imoral. Teria ela que viver anonimamente enfrentando suas dificuldades, muitas vezes passando privações simplesmente pelo fato de ser mulher.

Em nossa história tivemos algumas destas heroínas que por um ou outro motivo tiveram de assumir o comando na família na criação dos filhos. Minha avó materna, por exemplo, teve seu marido acometido de uma doença não diagnosticada, ainda em tenra idade, vivendo por dezoito anos a angustiante enfermidade até a morte. Ela que casara com apenas doze anos de idade, constituindo numerosa família, quatorze filhos; teve que criá-los trabalhando dias e noites na sua maquina de costura.

Duas de suas colegas tiveram o mesmo destino, abandonadas que foram pelos maridos. Por sorte com poucos filhos. Manoela Geraldina com quatro filhos, mulher de fibra que enfrentou a enxada plantando lavouras para sobreviver e criar os filhos. Muitas vezes frustrada pelas intempéries climáticas que dissipavam suas plantações, obrigando-a adiar seus compromissos.

Maria Mirenda, outra, cujo marido a abandonou com dois filhos ainda bebês, também os criou com seu trabalho digno no seu tear e na roca de fiar, tendo que contentar com os escassos rendimentos fruto do seu trabalho digno. Quarenta anos mais tarde reaparece o marido velho e doente trazendo uma filha de outro relacionamento sendo acolhidos por ela, que cuidou dele até a morte.

Estas três heroínas tinham como lazer apenas a pescaria, sempre juntas quando podiam. Certo dia Manoela acompanhada Por seu filho caçula apareceu em nossa casa. Ela com sua vara de anzol, puxando um boi fisgando num anzol de traíra e seu filho o tocando. O animal muito manso tentou passar na porteira por onde ela andava vinda de sua pescaria, ao rebatê-lo com a vara de anzol, o fisgou bem no meio da testa. Como o animal era muito dócil ela o tocou por mais de um quilômetro até a nossa casa, pedindo ajuda para soltá-lo.Meu pai teve que cortar o coro do bicho bem no meio da testa para libertá-lo.

História de uma pescadora; que poderia pescar um peixe boi,acabou pescnado um boi de verdade.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 28/03/2011
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