Bendito pé de Umbu

Ontem à tarde, eu estava andando por uma rua do

Assentamento do Saco, aqui nas terras de Caracol, no Piauí,

quando ouvi vários berros. De repente, de uma esquina bem próxima

de onde eu estava, surgiu galopando na minha direção uma manada

de burros. Saí correndo (acho que nunca corri tanto na minha

vida), consegui chegar junto ao pé de um Umbuzeiro e lá, bem

grudada ao tronco, fiquei esperando a tropa passar, conduzida por

um matuto que, aos berros, e trazendo nas mãos uma vara de

Aroeira, cantava: Poera, poera, poera. Que susto!

Horas depois, encontrei a manada comendo calmamente

palha de feijão, embaixo de um frondoso pé de manga. E o matuto

estava sentado num banco, gastando o tempo numa prosa sobre a

belezura da plantação de milho do Zé do Baixão do Mato. Quanto a

mim, segui minha caminhada sob aquele sol escaldante, em busca

da casa de dona Jucilete das pamonhas. Mas, como diz o povo

daqui, os burros são os príncipes do cerrado, quem os tem é

abençoado.

Tenho minhas dúvidas. Príncipes ou não, eles me botaram

a correr.

betitesta
Enviado por betitesta em 24/03/2011
Reeditado em 24/03/2011
Código do texto: T2867851