Bendito pé de Umbu
Ontem à tarde, eu estava andando por uma rua do
Assentamento do Saco, aqui nas terras de Caracol, no Piauí,
quando ouvi vários berros. De repente, de uma esquina bem próxima
de onde eu estava, surgiu galopando na minha direção uma manada
de burros. Saí correndo (acho que nunca corri tanto na minha
vida), consegui chegar junto ao pé de um Umbuzeiro e lá, bem
grudada ao tronco, fiquei esperando a tropa passar, conduzida por
um matuto que, aos berros, e trazendo nas mãos uma vara de
Aroeira, cantava: Poera, poera, poera. Que susto!
Horas depois, encontrei a manada comendo calmamente
palha de feijão, embaixo de um frondoso pé de manga. E o matuto
estava sentado num banco, gastando o tempo numa prosa sobre a
belezura da plantação de milho do Zé do Baixão do Mato. Quanto a
mim, segui minha caminhada sob aquele sol escaldante, em busca
da casa de dona Jucilete das pamonhas. Mas, como diz o povo
daqui, os burros são os príncipes do cerrado, quem os tem é
abençoado.
Tenho minhas dúvidas. Príncipes ou não, eles me botaram
a correr.