A carona do inferno !
Contam que pelas bandas de Diamantina havia um caroneiro que adorava pedir garupa aos motoqueiros.
Quando a tarde caía e a estrada se enchia de sombras, então surgia o caraoneiro atrapalhão.
_ Está indo para Belo Horizonte ? Indagava o sujeito.
_ Sobe aí ! Respondia o motociclista.
De garupa em garupa, no meio da viagem, sempre um episódio acontecia com o condutor: era um pneu furava, era a corrente elétrica que falhava. Só via as pessoas reclamando por ter dado a carona.
Certo dia, em uma blitz de trânsito, o guarda veio verificar a documentação do condutor, bem como do passageiro.
_ Sua habilitação e seus documentos por favor?
_ Aqui estão.
_ Os documentos do … E o guarda não viu mais a pessoa que atrás estava.
Coçaram a cabeça, mas ninguém entendeu o sumiço daquele sujeito.
_ Cruz credo Virge Santa! Nunca mais dou carona seu guarda.
_ Que um sujeito estava junto com o senhor na moto, estava ! Respondeu o guarda.
Noutro dia, um acidente de moto comoveu a todos:
_ Eu vi! Eu vi! A moto vinha em nossa direção com duas pessoas. Ao presenciar o acidente, parei o meu carro e corri para prestar socorro. Qual foi a minha surpresa? Encontrei apenas um corpo estendido no chão! Relatava o motorista do carro que cruzara o caminho.
E assim foram acontecendo vários outros acontecimentos, até que numa sexta-feira após ter pedido uma carona e subido na moto, o caroneiro, no meio do caminho, fez com que o condutor se desiquilibasse e quase provocara novo acidente.
No saculejo da moto, alguns objetos se precipitaram e foram ao chão. Do bolso da camisa do motociclista, uma pequena vasilha contendo rapé caiu e sua tampa soltou-se, lançando prá trás o seu conteúdo.
_ Atchim! Atchim! Atchim! Atchim!
O caroneiro arranjou uma espirradeira danada e ía batendo com a cabeça nas costas do condutor enquanto espirrava.
O motoqueiro conseguiu parar a moto assustado e foi se recuperar do susto. Mas aonde estava aquela pessoa a quem dera carona? Escafedeu-se.
Ao chegar em casa, o condutor foi explicar à sua mãe o que acontecera e, ao tiar sua camisa, pode-se observar duas marcas bem visíveis em suas costas.
_ Meniiiino !!!!! Gritou sua mãe.
_ Que foi mãe? Viu marcas do além em minhas costas?
_ Sim! Tem duas marcas aqui, que mais parecem de chifres que de qualquer outra coisa!
Aí o mistério fora desfeito. A notícia se espalhou em Diamantina e todas as vezes que alguém pedia carona, o motoqueiro deixava à mostra seu patuá contendo alho e sal grosso.