NEM DE TAQUARAL ( Celismando Sodré - Mandinho )
NEM DE TAQUARAL
( Celismando - Mandinho )
Os irmãos Neiva podem se orgulhar e dizer para quem quiser ouvir que conhecem um bom pedaço deste Brasil. Principalmente as regiões do nordeste, centro-oeste e norte. Ito Gavião e Keno, que é como todos da cidade de Barra do Mendes os conhecem, viveram grandes experiências e passagens inusitadas por este país continental, que só através dos seus relatos para se ter uma visão da diversidade natural, lingüística e cultural do Brasil e de seu povo. Isto foi possível devido ao trabalho no campo da topografia, que exigia uma vida mais ou menos itinerante.
Certa ocasião, quando estavam fazendo uma seqüência de trabalhos topográficos pelo Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, eles sempre ouviam dizer, em quase todo o nordeste, que o sujeito mais feio e azarado de toda aquela região era um tal de Nem de Taquaral. Quando, na gozação alguém queria chamar um sujeito de feio e azarado ao extremo dizia: “ê cara... tu só não é mais feio e azarado do que Nem de Taquaral, porque aí é impossível”.
Quando estavam em uma cidadezinha do interior de Pernambuco, eles entram num barzinho para tomar uma cervejinha gelada e se deparam com um sujeito chorando, sentado numa mesa de bar. Ele fazia a maior escândalo, berrando e dizendo que era azarado demais por ter nascido tão feio, chegava a dizer: “como é que uma pessoa nasce uma vez só na vida, e nasce tão horroroso como eu!!”
Penalizado com a situação do sujeito e seu sofrimento, o Velho Keno resolve aliviar o seu sofrimento, dando um alento de esperança. Ele diz: “rapaz... não precisa chorar assim desse jeito não!!, você quer saber quem é feio e azarado? Feio e azarado mesmo é Nem de Taquaral”.
Para a surpresa de Keno e de Gavião, o sujeito levanta, dá um murro na mesa e responde, aumentando o berreiro: “ pois não é que eu sou este excomungado!!!! “. A surpresa e a admiração dos dois irmãos foi de imediato. Constrangidos, tomaram a cerveja rápido e saíram deixando o sujeito se acabando de chorar. No acampamento eles comentaram sobre o tamanho do azar de Nem de Taquaral; de esta naquela cidadezinha do interior de Pernambuco, justamente naquele bar, naquela hora e naquele momento de tentativa de consolo que só piorou a situação.