Um gole e logo sinto o vinho correndo em meu sangue e pra cada ponto que eu olho, me deparo com um amante e seu ego sedento à espera de uma conquista, de um momento apenas ou em alguns casos, a espera de sua amada, mas a questão é… até onde cada um deles é capaz de satisfazê-las? De realmente apreciá-las e admirá-las, sem deixar que teus hormônios falem por si mesmos? Em cada gesto, em cada olhar, é possível saber a satisfação de uma mulher, a forma como ela lida com as mentiras e as verdades de seus acompanhantes, se tem uma coisa que a mulher não é, é ingênua, às vezes ela até gosta de se fazer, pois acho que ver o homem ser patético, parece ser mais prazeroso do que o sexo pra elas e enquanto se esforçam para não rir, eles se esforçam para ser ainda mais patéticos e é a única coisa que eles conseguem fazer com maestria.

Logo algo me chama atenção… olhando para o relógio a cada cinco minutos, uma mulher que parece insatisfeita com o seu acompanhante que ao que parece, está mais interessado na garçonete a ponto de não disfarçar teus olhares a cada vez que ela vai buscar algum pedido seu. Logo ele volta o seu olhar a sua acompanhante como se nada estivesse acontecido e a cada desvio de olhares, era notável uma mentira sendo ouvida e captada por ela que apenas sorria, dava um gole em sua bebida e uma olhada em seu relógio, parecendo estar rezando para que as horas passassem rápido.
Às vezes o homem parece fazer questão de não ter bom senso, pois mesmo diante de uma linda mulher, ele não se contenta e dessa forma, ele vive um momento já planejando outro e no fim, acaba não vivendo momento algum, pois no fundo, isso não tem a ver com ambos, não tem a ver com ela… isso tem a ver só com ele mesmo e o teu próprio ego. Mal sabe ele o prazer de se conhecer uma mulher, de conhecer as viver suas verdades, os seus desejos, as suas carências, as suas vaidades, suas fases, seus prazeres, intensidades, o prazer de se viver cada uma de suas individualidades…
Sem muito interesse em saber até onde aquilo tudo iria dar, dei meu ultimo gole em meu copo de vinho, deixei sobre a mesa a gorjeta, saí pela porta do bar e acendi um cigarro. Logo ouvi ao lado um “MAIS QUE DROGA!” e ao olhar, me deparei com a mesma mulher do relógio, que na tentativa de acender o seu cigarro com um palito de fósforo, era frustrada pela noite fria onde o vento gélido beija sua face. Ao observar aquilo, me aproximei de forma amigável e estiquei o braço com meu isqueiro aceso lhe oferecendo fogo, ela me olhou meio surpresa e agradeceu a gentileza. Em teu cigarro a marca de batom que se espalhava a cada trago mostrando ansiedade… logo de dentro do bar alguém chamava pelo seu nome, mas ela não parecia querer ser encontrada então, segurei em suas mãos e logo entramos em um taxi e partimos para um lugar que indiquei ao taxista. Ela me olhou, deu um leve sorriso e mais uma vez me agradeceu. Eu não queria que ela se explicasse nada, ela não precisava, então pulamos esta parte e passamos para a parte onde nos apresentamos. Ela é atriz, está na cidade há duas semanas onde estava vivendo um romance com o seu agente, mas que por motivos óbvios não estava dando muito certo. Ela tem um jeito doce de falar, uma voz mansa e meio rouca, se expressa muito bem e sempre olhando em meus olhos, como se estivesse lendo através deles cada reação minha, cada gesto, eu não me atrevi a desviar o olhar, procurei fazer o mesmo e dessa forma, nossos olhares se mantiveram focados, e assim eu lhe mostrei minhas verdades. Como um amante de qualquer tipo de arte, seja ela moderna ou não, minha curiosidade pelo seu trabalho era notável, a idéia de vê-la sobre o palco, mostrando toda sua graça me convidava mais e mais e sua paixão pelo o que fazia na forma como falava sobre era admirável, digna de quem realmente ama o que faz. Eu estava encantado, seus olhos azuis focados sobre os meus, teus cabelos loiros e levemente ondulados, que se destacam sobre sua pele clara e lisa e ao fim de uma mecha, um colar de diamantes contornando sua pele e terminando em seu decote… vestido branco combinando com a sua bolsa, com os detalhes que moldavam os teus cabelos e com as suas unhas, uma bela mulher. Sem perceber, as minhas mãos estavam sobre as suas e quando meus olhos desviaram sobre esse detalhe, ela sorriu pra mim… suas mãos eram quentes, delicadas e tão macias, ela então deslizou seus dedos sobre minha face… o seu perfume era doce, suave e marcante… de leve pus a minha mão sobre a sua que me afagava e num gesto, beijei as costas de suas mãos olhando em seus olhos. Logo chegamos ao meu destino, então lhe perguntei se estava com pressa e ela então sussurrou em meu ouvido:

“Não meu caro, eu tenho todo o tempo do mundo”

(Felipe Milianos)

Imagem via Google/tumbl


Felipe (Don) Milianos
Enviado por Felipe (Don) Milianos em 10/03/2011
Reeditado em 22/03/2011
Código do texto: T2839610
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