O MENINO NO LAGO DOS JACARÉS
Filicíneo era um rico empresário. Quando se casou já passava de seus trinta anos de idade. Com expectativa em constituir uma numerosa família, a quem deveria repassar seu vultoso patrimônio, teve seu ideal frustrado. Ao descobrir que a esposa era estéril. O casal procurou vários tratamentos tentando solucionar o problema, mas todos em vão, optaram então pela inseminação artificial. Correu tudo bem até o momento do parto, quando a mãe não resistiu vinda a falecer. Salvou o garotinho, amenizando um pouco a dor do pai na irreparável perda da esposa. O tempo passava e o garotinho crescia praticando atos incontestáveis pelo pai, que tentava educá-lo com os mesmos princípios repassados por sua tradição hereditária. Não conseguia nem de longe fazer com que o garoto o respeitasse como seu desejo exigia. O guri era um demônio em pessoa um verdadeiro capetinha. Imaginando que a falta da mãe poderia ser o problema do moleque, Filicíneo decidiu se casar.
Madrasta é alguém incapaz de substituir a mãe, mas a presença feminina no lar é fundamental na formação de uma família.
Bom administrador como sempre foi, dentre tantas pretendentes que apareceram, optou por uma viúva sem filhos, poucos anos mais nova do que ele. De início tudo ia bem com o garotinho que aceitou bem a madrasta. Feliz imaginando ter solucionado o problema, atribuiu como sendo a falta da mãe aquela fase pela qual passava o menino. O sogro um latifundiário riquíssimo, caia de amores pelo pentelho que adorava a fazenda. Mara era filha única e também não lhe dera netos como a primeira esposa do empresário, ao que parecia também era estéril.
Muito distante poucas vezes o menino Vistiu a fazenda de seu avõ improvisado. Na cidade o pai ocupado com os negócios pouco tempo dedicava ao filho, mas esse fator não diminuía em nada seu grande amor por ele. O capetinha era cobra na matéria escolar parecia viver anos a frente de sua realidade infantil. Em compensação constantemente o pai era chamado a cobrir as despesas dos vitrais e outros objetos danificados por ele na instituição de ensino.
Chegada à época das férias sua madrasta e ele seguiram pra fazenda. Embora não sendo neto de sangue, uma alegria para o velho que o adorava, e um descontentamento para o capataz da fazenda que detestava o garoto pelas travessuras praticadas. Mara a madrasta logo percebeu o ódio que o empregado nutria pelo menino, passando a manter uma vigilância acirrada para que nada de mal acontecesse entre ambos. O maior temor era o lago infestado de jacarés famintos, onde estava proibida a aproximação ao garoto. Pelo celular ela monitorava as ações do moleque que costurava as trilhas e encostas molestando os animais e pássaros com aval do avô adotivo.
Certa tarde entretida com os afazeres domésticos a madrasta esqueceu por momentos o garoto. Quando deu pela falta, tentou o localizar pelo celular não conseguiu. Procurou em muitos lugares e nada perguntou ao capataz ele deu de ombros afirmando não ter visto o menino. Mobilizaram os empregados da fazenda que se reuniram para traçar uma meta de buscas. Naquele ínterim aparece o Ricardinho todo enlameado e ofegante arrastando um bruto de um jacaré. Assustados, Mara e seu pai, que adorava ser chamado de avô pelo groto, correram ao seu encontro indagando o que estava acontecendo. Quando veio a resposta do pentelho. – Juvenal esse capataz legal levou-me numa canoa para nadar no centro do lago! – Como é Ricardinho?... Não foi difícil você nadar no meio de tantos jacarés? –Que nada... Difícil fui eu sair amarrado de dentro do saco , de boca vendada, usando apenas meu canivete e ainda ter que matar com ele este jacaré que queria me comer de todo jeito. Mas ta tudo bem, agora seu Juvenal, por favor, me devolva meu celular!
- Caro leitor a decisão é sua! ...O que faremos com o Juvenal?