PESCANDO PACAMÃ

Seis horas da tarde, as águas do São Francisco um pouco avermelhada devido às chuvas que caíram nos últimos dias, a canoa amarrada com a corrente num cipó as margens, sabiá num coqueiro ao lado anunciando o anoitecer. Na barraca um radio a pilha ligado, lampião aceso, e chiado na frigideira avisava que dentro de pouco tempo um rebate já tinha, Osvaldo já meio pra lá do que pra cá, Sô Marico preparando a janta, de ante mão o rebate pra rebater a friagem. Os anzóis de espera na volta do poço, onde logo ao lado era o local de apanhar água e lavar vasilhas que sujavam; Sô Marico viu então que a água da reserva nem pra refogar o arroz dava. Pegou o balde e ao rio foi apanhar, ao chegar as suas margens, percebeu que um dos anzóis tinha peixe beliscando, com tamanha rapidez Sô Marico puxou a vara fisgando o esgulepado peixe, mas quando a corda saiu, somente ela veio nem sequer o anzol acompanhou, neste momento Sô Marico viu que o outro anzol também beliscava e da mesma forma que a primeira fisgou o peixe e veio puxando, somente a corda veio de novo. Que danado de peixe será este, pensou Sô Marico, deve sê muito grande ou então é uma piranha. Num piscar de olhos tornou a perceber que o terceiro anzol estava a beliscar, lá foi ele de novo e pra surpresa geral este sim ele fisgou, era um belo pacamã de uns três quilos e meio. Voltando pra barraca aos companheiros contou e mostrando o pacamã num pé de arvore colocou, e ao fogão retornou, continuando a janta fazer. Logo logo ficou pronta e todos ali jantaram, seu Osório, foi direto pra cama, bem no fundo da barraca. Sinhozinho foi pescar, pois este meu pai dizia, se deixasse a noite toda ele pescava. Sô Marico e Osvaldo proseando, até que Sô Marico pro Osvaldo perguntou:

- Osvardo ocê arguma veis já brochô?

- Eu sô Marico, ta doido sô! É é, mais uma veis eu tava com uma muié de tão bunita que era que nen eu aquerditei que tava com ela, ai rela aqui, rela ali inté que resorvemos ali na rua do sumiterio memo faze o negoço , tento daqui, tento dali e nada do zezim dá siná, ai sô a muié fico nervosa dispidiu de mim e foi embora. Nisto eu vou indo pra casa, perto daquele lote vago, ao lado do fórum me deu uma baita dor de barriga danada, que só sô veno, ai fui pra de baxo dum pé de mamona né, arriei a carça e comecei a sorta a massa , quando percebi que o danado do zezim deu sinár de vida e já tava pronto pro que dé i vié, só me veio uma idéia, eu vô mostra esse danado o que é faze eu passa vergonha. Estiquei as peirnas fiquei assim meio de lado, peguei no corpo do zezim e puiz a esfregar ali memo na quela cosia que saiu de mim, a e fui falano, toma ai seu bobo, agora come merda né, na hora daquele avião ocê num quiiz. Mais sô Marico, o danado ficou todo lambuzado, minha dor de barriga passou, limpei com foia de mamona, ajeitei a carça e fui pra casa, mais depois desse dia, o zezim não injeito mais não sinhô. Sô Marico quase fez nas calças de tanto rir e disse, é Osvardo com essa eu vou até limpa aquele pacamã, que amanhã nois vai faze no armoço. Sô Marico foi pra beira do rio, limpar o pacamã. Quando abriu a boca do pacamã e introduziu a faca entre a guelra e a boca, uma curiosidade, dois anzóis presos na garganta do pacamã. Com isto nesta pescaria Sô Marico aprendeu muita coisa, que raio não cai no mesmo lugar isto ele já sabia, mais pacamã pra pegar tem que ter três varas não, e vara que não funciona só lambuzando com merda também não.