BARRACO DA CAIXINHA

A Caixinha Preta.

Margarida a irmã caçula já em idade avançada, após o desencarne do Sr. Onofre de Lima, viera visitar dona Das Dores e Dona Maria, a mais velha, a famosa Maria minha irmã, termo carinhoso sempre dito por Das Dores quando queria referir-se a ela, pois ambas estava muito doentes e como ela morava em Apucarana, Paraná, fazia uma visita numa intuição trazida do fundo da alma como se fosse uma despedida.

A filha caçula Cida, maquiavelava-se incontida por ambições mesquinhas, no pouco ou quase nada das posses da sua mãe. Primeiro em dias passados, usando a sua perspicaz chantagem, emocionando sua progenitora, pediu ao seu cunhado, na presença de sua irmã Gema, que o dinheiro acumulado em suas mãos, fossem transferidos a ela, desrespeitando os direitos dos outros, sem considerar que aquela pequena poupança seria usada tão só na manutenção do casal de idosos nos seus derradeiros dias.

-De jeito nenhum, retrucou Gema, só se a senhora assinar uma carta com firma reconhecida, declarando essa sua vontade.

-Não, não assino, porque se assim fizer vou conseguir a inimizade das outras filhas completou Das Dores.

Contrariadíssima, Cida saiu do quarto com passos de verdadeira ANTA BATIZADA, com tropel balançando os frízeres e geladeiras estacionadas na anti sala.

Agora, arquitetando novo golpe, já não mais conseguindo enganar ninguém, ou melhor, somente o Leo e a De Fátima, seus protetores eternos, aproveitando a oportunidade de mudança de casa, arquitetara o roubo da "Caixinha Preta", uma simples caixinha contendo documentos velhos uma promissória de assinada por seu genro, alguns santinhos de santos, o cartão BEG de aposentada, estava ali toda a sua fortuna.

A presença de Margarida era uma testemunha das falcatruas arquitetada pela Cida.

Das Dores confessara para a irmã:

-Ela já tomou meu dinheiro chegando uma faca no meu pescoço.

Verdadeiro assalto contra uma octogenária, feito em sua casa, sendo o assaltante sua filha. O tratamento que dantes dedicava a Margarida mudou, nada de comida, nada de lanches, nada de empadas, uma das suas poucas qualidades. Quase na hora da irmã caçula embarcar de volta, eis que dona Das Dores sente a falta da "Caixinha Preta".

-Onde está a minha Caixinha. Dá o alarme, Das Dores. Completa a fala, estava ali na gaveta, no cantinho, só a Cida sabia. Cadê a minha filha, cadê? Vai chamá-la Leo?

-Não mãe, deixa de ser chata. A Margarida vai perder o ônibus.

-Leo vai buscar a sua irmã, ela sabe onde está a caixinha, diz Marga, precisamos alcamar a sua mãe.

Contrariado o Leo sai à procura da irmã que mudou para ali por perto. Chegando com ela alguns minutos após, sem a Caixinha.

-Eu quero a Caixinha Preta, reclama a mãe.

-Não está comigo, responde Cida.

-Está sim, afirma a mãe.

O Leo, impaciente berra:

-Busca logo essa porcaria de Caixinha!...

Cida sai rápida voltado em seguida com o precioso tesoura da mãe, ao recebe-lo abre, confere, sorri apertando a caixinha contra o peito.

-É ela mesma e está tudo aqui...

Não vamos afirmar que a paz volta à casa dos De Lima, mal que deu uma apascentada, ah isso deu.

Margarida fora levada Rodoviária, chegando quando os outros passageiros já estavam embarcados e devido à confusão, viajou com fome, sem nenhum lanche.

Goiânia, 25 de fevereiro de 2011.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 25/02/2011
Código do texto: T2814292
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