QUINCAS SERAFIM

Oeste de Minas muitas coisas bonitas, mais o mais bonito vou agora contar. Lá para as bandas de Carmo da Mata, uma família existia eram muito agraciados por todos que ali viviam. Quincas já homem feito, uma grande extensão de terras possuía. Todo dia , muito cedo levantava e da lida ele cuidava, muitas galinhas, porcos, vacas, lavoura de cafezal, fumo, mais de cinco mil pés que ele mesmo plantou, cana caiana de montão. Tudo ali na sua porta da cozinha ele apanhava muitas frutas no quintal, na primavera era tudo florido e no outono com certeza muitas frutas ali tinha, dava tudo para os outros, muito pouco aproveitava. Certo dia os vizinhos começaram a perceber, atitudes esquisitas que o Quincas tinha a ter. um dia Sô Ambrôsio, antes da porta bater, pode ouvir com seus ouvidos a taca ali comer, bem no fundo da casa, na cozinha de telhado bem baixo ele pode escutar o Quincas ali coitado uma sova a dar numa mulher, pobre coitada que nunca para o Quincas existiu e mesmo assim ele batia e com ela falava. – toma muié, isto eu tô te dano, pro cê aprendê, a nunca mais pidi emprestado um muncadinho de fubá. Cada taca que dava de longe escutava os estalos que dava, . Sô Ambrôsio preocupado, em quem o Quincas bate pois nem casado é. Ao bater na porta, Quincas abre sorridente, cumprimentando sô Ambrôsio, e logo mandando entrar falando com uma voz suave, e a taca pendurando, atras da porta da despensa. Para sô Ambrôsio foi falando. Sô Ambrôsio, que bão o sô aqui em minha casa, vô até fazê um café pra mode nois bebe, e a família como vai. Sô Ambrôsio percebeu que ali naquela casa só estava o Quincas, com toda sua alegria e franqueza, e também já sabia o quanto aquele homem na cidade era admirado, pela sua honestidade, trabalhador, e não se envolvia com nada que lhe trouxesse confusão, e agora meio fraco da cachola.

Noutro dia, pobre Quincas, o seu frango , um dos melhores que escolhera para ser o rei do seu terreiro, sumiu. Quincas então foi informado, que o frango fora de fato roubado, e que alguém tinha visto o Benedito Saragusa rondando por ali, talvez tivesse sido ele o malfeitor. Não deu outra Quincas em seu cavalo montou e como ventania no quintal de seu benedito parou, desceu e já foi chingando o benedito, benedito safado ladrão de frango dos outros cadé ocê, benedito logo apareceu, e pro Quincas foi falando. Que isso Sô Quincas eu num fiz isso não senhor.

Feiz seu safado ocê feiz , safado onde tão suas galinha.

Tão ali Sô Quincas, ali empoleiradas na goiabeira.

Trais um punhado de mio lá seu safado, sem vergonha.

Sim senhor Sô Quincas. Já era noite e as galinhas estavam empoleirada para dormirem

Benedito foi lá dentro e apanhou um punhado de milho e passou para o senhor Quincas, que imediatamente debaixo do pé de goiaba começou a chamar, oou, oouuu, ooo, rororo, o frango já acostumado com Quincas assim chamar todas galinhas, como se fosse gado, num salto esplendido do galho da goabeira pulou e no chão num instante estava, o milho a catar. Sô Quincas pro benedito falou. Ai seu sem vergonha, num tô te falano, oia ai meu frango seu safado. Quincas pós o frango debaixo do braço e para fazenda voltou alegre por ter recuperado, o futuro rei de seu terreiro. Sô Quincas cada dia que passa piora, sua doença mental atinge um nível alto e para Barbacena a família o levou para o tratamento fazer, ficou muitos meses se tratando. seu vizinho João Soares, fazendeiro rico, preocupou com as coisas do Quincas e pediu a seus camaradas, que fosse na fazenda do Quincas e colhesse toda sua lavoura, levasse suas galinhas, seu gado, colhesse também o fumo, quando Sô Quincas voltar a ele retornava tudo que havia da fazenda tirado. Quincas voltou, para felicidades de todos que o conheciam. Mais alguém para ele já foi contando que João Soares havia colhido tudo na fazenda. Quincas foi logo chegando pegou a enxada e na beira da estrada pôs se a capinar, e a reclamar, a xingar em altos brados o pobre do seu João Soares.

Aquele saaafado do João Soares me paga, eu vô cortá ele na taca, aquele sem verrrrgonha, robô meu fumo, robô minhas galiiiinhas, até minhas vacas aquele sem vergonha me roooobô, há mais, ele vai vê o que que vô fazê com eeele, vô cortá ele no facão, ele vai vê, aquele sem vergooonha. Nisto seu João Soares, montado em seu cavalo alazão, parado bem perto do Sô Quincas escutava a lhe malhar, sem lhe incomodar ouviu tudo caladinho, sem mesmo Sô Quincas perceber. Ai então seu João falou.

E ai Sô Quincas pelo que vejo o senhor já tá danado de bão uai, come que tá.

Ai o Quincas como se nada tivesse acontecido, com sua alegria, foi logo dizendo.

Hô so joão e o sinhô, comé que tá, eu tô memo danado de bão , mais vamo apear, eu fico mui satisfeito em vê o sinhô, assim muntado neste seu cavalão, vamo lá pra casa mode nois tuma um café, afinale tem muito tempo que nois num se encontra ué. Sô João agradeceu seu Quincas, explicando que os seus pertences estavam bem guardados quando quisesse poderia buscá-los e com um sorriso estampado no rosto seguiu para sua fazenda pensando, é o Quincas não mudou nada, continua o mesmo. São estas pessoas, que nos fazem, termos a esperança, em acreditar no ser humano, em sua capacidade de perdoar e também a de poder criar, assim como o exemplo de Quincas Serafim, que era a de não guardar mágoas, daqueles que o prejudicava.