>>O Caboclo, O Padre E O Estudante<<

“O CABOCLO, O PADRE E O ESTUDANTE”

Há um certo tempo, um fato muito interessante aconteceu comigo. Meu nome é Tião do Sertão, sou conhecido mais como caboclo. Bem, farei o que puder para contar esse acontecimento.

Eu estava viajando pelo sertão, com um padre e um estudante, logicamente por eu ser um caboclo, estava como bagageiro. Deram – nos numa casa, um pequeno queijo de cabra. Não sabendo dividí – lo, mesmo porque chegaria um pequenino pedaço para cada um, o padre resolveu que todos dormissem e o queijo seria daquele que tivesse, durante a noite, o sonho mais bonito, mas acontece que o padre estava pensando em se dar bem com essa idéia, isso eu percebi logo, mas fiquei na minha. Todos aceitamos a idéia do padre, e fomos dormir. À noite, eu me levantei, fui até o queijo e comi – o bem depressa. Comi tão rápido, que nem senti o gosto direito.

Pela manhã, nós três acordamos, sentamo – nos à mesa para tomar café, e cada um teria que contar o que sonhou durante a noite. O padre disse que sonhou com uma tal escada de Jacob, Descrevendo – a brilhantemente, seguindo o estudante. Nela ele subia em direção ao céu. O estudante por sua vez, disse que havia sonhado que já estava dentro do céu, a espera do padre que vinha subindo. Então eu sorri na frente deles e comecei a contar o meu:

Eu sonhei que via seu padre subindo a escada o seu doutor lá dentro do céu, rodeado de amigos. Eu ficava na terra e gritava:

Seu doutor, seu padre, o queijo! Vós mincês esqueceram o queijo!

Então vós mincês respondiam de longe, do céu:

Come o queijo caboclo! Come o queijo! Nós estamos no céu, não queremos queijo. O sonho foi tão forte que eu pensei que era verdade,

levantei – me enquanto vos mincês dormiam e comi o queijo...

Antes que ele terminasse de contar, o padre falou:

Eu sabia! Eu sabia! Como eu tinha certeza que você faria isso, troquei o queijo verdadeiro, por um de plástico que encontrei na cozinha. O verdadeiro eu comi! Então o estudante falou:

- Vocês são mesmo burros. O queijo de plástico que o padre achou era o verdadeiro que eu tinha escondido, que por sua vez não existe mais.

ANDRÉZINHO

Criado em: 27/JULHO/1999

Pikeno
Enviado por Pikeno em 22/02/2011
Código do texto: T2807714
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