ENTERRO DE PRIMEIRA

ENTERRO DE PRIMEIRA

O tilintar do velho telefone preto, som estridente que atingia os ouvidos dos vizinhos, até a casa da terceira laçada, mal acabara de tocar o segundo tri-li-lin, dona Das Dores num pulo rápido atendia atônita. :

- A l ô... :

- Das Dores, sabe que morreu? Foi sim, aquele câncer ruim acabou por consumi-la, foi à comadre Elza sim.

Mesmo sem estar sofrendo mal nenhum, Das Dores começou a ter CHILIQUES , mas só depois de ter avisado a sua terceira filha Das Maria, a ACESSORA PARA ASSUNTOS FÚNEBRES, avise as outras, ordenou.

Das Maria mais que depressa avisou a todos, inclusive a irmão Leo de Lima. Procurou um salão de beleza, fez escovas e colocou brilho nos cabelos, arrumou as unhas, limpou a pele, preparou-se como se fosse a uma festa.

Ao chegar no velório, adentrou-se pela câmara mortuária, radiante, sorrindo, mas reservando o devido respeito para a ocasião. Num caminhar rápido atravessou o salão, dando os pêsames para alguns familiares aqui, célere voltava para o outro lado, cumprimentado familiares ali. Sem perceber, os ponteiros do relógio avançavam madruga adentro.

Quando o seu marido fora busca-las (Gema sua irmã mais velha acompanha-a). -

- Ir embora jamais, respondeu completando, isso aqui está bom demais .

Depois de muito dialogo, resolvera ir embora, mas nas condições, de sair dali somente se ela voltasse de madrugada, a fim de aproveitar o máximo àquele ambiente, pois adorava tudo aquilo, e não poderia de maneira nenhuma perder um ENTERRÃO desse.

Goiânia, 19 de fevereiro de 2011.

jurinha caldas
Enviado por jurinha caldas em 19/02/2011
Código do texto: T2801495
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