O Caso do Juiz Novato
I
Acredito que muitos juízes se reconhecerão nesse caso acontecido numa das Secretarias da Capital e tenho a certeza de que alguns darão boas risadas diante de certos fatos que iremos retratar e recordar.
Temos aqui o caso de um juiz trabalhista recém empossado e que se vê constrangido por uma raposa velha, isto é, um advogado que atua a muitos anos na área.
O referido procurador se aproveita da juventude e dos parcos conhecimentos do juiz neófito a respeito de algum tema ou assunto específico referente ao processo em que está atuando para tentar obter dele um despacho ou sentença favorável.
Como esse juiz novato ainda não adquiriu a “tarimba” e o conhecimento necessários para lidar com essa espécie de advogado, não raro ele se vê em apuros.
Algumas vezes, portanto, não sabendo o que fazer ou o que responder em relação a uma determinada solicitação de alguma das partes, não é raro vermos esse juiz novato pedir a ajuda de algum colega mais velho de profissão ou de um de seus assistentes.
Neste caso específico o juiz obteve a colaboração da única pessoa que se encontrava presente naquele momento na Secretaria onde ele trabalhava: a sua assistente. E veremos que a referida servidora não se fez de rogada naquela função!
II
Primeiramente – e diante de um determinado requerimento da parte a respeito de assunto ou tema que o juiz não conhecia muito bem – a assistente não pensou duas vezes:
- Meritíssimo, diga ao advogado que o senhor decidirá tudo depois e com a tranqüilidade que essa questão parece requerer.
Não satisfeito com a resposta do juiz e tentando ainda obter algum proveito daquela situação, volta o advogado a apertar o cerco:
- Mas depois quando, meritíssimo?
Mais uma vez o juiz neófito busca o socorro e o apoio da sua assistente.
E diante daquele novo pedido, ela outra vez entra em ação. E dessa vez de uma maneira definitiva:
- Diga-lhe que o julgamento é Sine Die, doutor. E encerre a conversa de uma vez por todas!
(Sine Die é uma locução adverbial latina que quer dizer “indeterminadamente” ou “por tempo indeterminado”. Como pudemos perceber a assistente soube “despachar” a questão para um tempo relativamente distante, propiciando que o juiz pudesse estudar melhor o caso e se inteirar do assunto em questão. E tudo isso foi feito por ela de uma maneira muito inteligente e criativa!)