O barco afundou...


Roberto Mateus Pereira 

Creio que em todas as cidades brasileiras, localizadas no interior, existem os mais variados grupos de pescadores, cada qual com suas histórias, sempre recheadas de acontecimentos foras de série.

É lógico que Paraguaçu Paulista não iria ficar fora desses causos, que somente “eles”, os pescadores, poderiam contar com tanta riqueza de detalhes.

Por volta da década de 90, três amigos resolveram realizar uma pescaria lá pelas bandas da Barragem de Porecatu/PR, mais precisamente logo abaixo da comporta, pois, segundo comentários, no “Panema” havia peixe “a dá cum pau”.

Mais uma vez, daremos nomes fictícios aos nossos personagens, que serão identificados por Milton (Banespa), Edgar (Professor) e Manoel (Fiapo), preservando suas verdadeiras identidades de “gozações” futuras.

Alguns dias antes da pescaria, tivemos a oportunidade de participar das conversas dos três pescadores, que, animados, ultimavam os preparativos para aquela que seria uma pescaria inesquecível em suas vidas.

Barco na carreta, isopor cheio de gelo e cerveja, os três saíram pontualmente na hora marcada, porque não havia tempo a perder: as piaparas e os barbados os esperavam.

Eles resolveram pescar de rodada, ou seja, iam com o barco a um ponto previamente escolhido, desligavam o motor, para que a correnteza se incumbisse de conduzir o barco. O piloteiro era o Milton, profundo conhecedor nessa área e também proprietário do barco.

Tudo transcorria às mil maravilhas: o sol estava forte, a cerveja, gelada – e os peixes estavam à disposição das carretilhas e molinetes.

Talvez pela ansiedade em “arrancar” fora d’água um bom exemplar, eles não perceberam que a correnteza naquele local era forte e que teriam que ter muito cuidado, ao se aproximarem dos pilares da ponte, sob a qual passariam.

O “estrategista” piloteiro calculou mal a velocidade da água, achando que, quando se aproximassem dos pilares, um simples toque com as mãos mudaria a trajetória do barco; porém, os cálculos deram errado e a história foi outra, quase provocando uma tragédia. A velocidade acabou aumentada em x+y e, quando Milton foi desviá-lo da coluna, “errou no bote” e todos foram de encontro a ela, com o barco “abraçando o pilar”.

Resultado: Manoel, Edgar e Milton, foram jogados n’água com toda a “tráia de pesca”, isopor, gelo e cerveja.

Milton saiu nadando contra a correnteza e logo chegou à terra firme, à procura de socorro para os dois amigos náufragos, enquanto Edgar e Manoel desciam rio abaixo.

A parte engraçada é que, logo que caíram n’água, Manoel se abraçou ao isopor de cerveja e ambos saíram boiando na correnteza, com o pescador gritando por socorro:

– Acudam! Acudam! O isopor vai afundar!

Escritor Paulista
Enviado por Escritor Paulista em 15/02/2011
Reeditado em 15/02/2011
Código do texto: T2794060
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