O DESTINO DE UM AMOR.... MACHISMO E PRECONCEITO

O amor é o sentimento mais importante e sublime entre todos os seres criados por Deus. Sejam eles racionais ou irracionais. Ele pode ser impedido de se realizar entre duas pessoas que se amam. Mas a sua magia nunca morre. Sua essência é divina e perene, cedo ou tarde em parceria com o destino poderá entrar em ação corrigindo uma injustiça cometida.

Oilivia, ou melhor, Livinha como carinhosamente era conhecida sofreu um terrível golpe quando seu pai despediu a família de Alfredo, seu grande amor. Percebendo o grande afeto que sua filha única, nutria pelo filho do empregado, o poderoso coronel tratou logo de arquitetar a separação. Fundamentado no dizer popular” antes que o mal cresça corte sua cabeça”-,decidiu que seu empregado deveria ser transferido para seu longínquo latifúndio colocando assim milhares de quilômetros entre os dois jovens. Naquele sertão remoto os dois jamais encontrariam. Alfredo sabia de suas limitações, ficou amargurado, mas obediente, seguiu os pais que recusaram a proposta do coronel em se mudarem para aquele sertão remoto. Tomaram nômades de fazenda em fazenda pelo sertão afora, aonde trabalharam vários anos até que decidiram tentar a vida na cidade grande. Alfredo com sua simpatia e seu carisma não tardou a conseguir um bom emprego. Iniciou como servente de pedreiro numa grande e conceituada empresa, em pouco tempo se destacou subindo de posição passando a supervisor. Tendo logo se casado e dando bem na vida, deixando no passado aquele amor impossível.

Livinha também se casou com um rico empresário escolhido pelo pai. Apesar de não amá-lo honrou seu casamento, obedecendo ao princípio que a posição familiar exigia. Mas uma peça pregada pelo destino interrompeu sua tentativa de ser feliz no matrimonio... - O avião em que o marido viajava sofreu uma pane caiu na floresta e ninguém se salvou. Grávida Livinha se apegou naquele bebê como sua tabua de salvação na tentativa de ser feliz.

Nasceu uma linda menina; contrariando a expectativa do avô ansioso por um rebento para dar seqüência ao seu orgulho de machista. Apesar dos pesares engoliu seu preconceito, e a criou, cercada de conforto e mimos como uma verdadeira rainha. “Neide seu nome, em homenagem a sua avó”.

Estudando nas melhores escolas custeadas pelo avô a garota correspondeu. Sempre a melhor da classe em todas as matérias, fez o colegial, prestou vestibular e ingressou na faculdade. Dedicada aos estudos cursando medicina conheceu Joel, um jovem médico, professor recém formado que a faculdade não quis abrir mão após sua formatura, o requisitando para lecionar, em se tratando de um superdotado.

Desde os primeiros contatos os dois jovens notaram uma atração muito grande um pelo outro. Entre ambos havia algo incomum, alem da relação de aluno e professor.

Enamorados tornaram-se perdidamente apaixonados. Por ocasião das férias Neide comentou como o avô e a mãe sobre seu namoro. Enciumado logo o velho coronel quis fazer oposição sobre a escolha da neta querendo impor, julgando-se com poder absoluto na sua escolha. No que foi contestado por Livinha dizendo que sua história jamais iria repetir com a filha.

Os tempos mudaram e a escolha não caberia mais a eles e sim a própria filha, argumentou Livinha. Extremamente nervoso e irredutível na sua imposição, o velho que há tempos andava mal do coração, sofreu um enfarto vindo a falecer. A neta se sentido culpada foi consolada pela mãe que lhe contou sua história com Alfredo o grande amor de sua vida, renunciado por imposição do velho. Motivo pelo qual recusara inúmeros casamentos arranjados e propostos por ele após sua viuvez.

Retornando aos estudos Neide comunicou a Joel sua decisão em colocar um fim no seu romance, Cheia de remorso pela morte do avô. O que logicamente não foi aceito pelo namorado. Mostrando-lhe sua isenção de culpa na morte do velho.

O tempo correu rápido e chegou o tão sonhado dia da formatura. Neide aguardou ansiosa pelo encontro das famílias, parecia prever que alguma coisa muito sublime estava por acontecer. Apesar de já conhecer o pai de Joel que praticamente foi pai e mãe ao mesmo tempo, tendo perdido a esposa quando o filho ainda uma criança, cursando o primário. Terminada a cerimônia de formatura chegou o tão esperado momento de os pais se apresentarem e se conhecerem. E qual não foi à surpresa quando Joel disse a futura sogra, com quem tivera apenas raros contatos. –Dona Livinha este é Alfredo meu pai-, pai esta é dona Livinha minha futura sogra, de quem Neide tanto tem lhe falado. Frente a frente o casal emudecido pela emoção se abraçou e não resistindo os impulsos do amor que falou mais alto, cruzou seus lábios num longo beijo de amor-, o único de sua vida, até aquele momento, e que daria inicio ao mais lindo romance de amor depois de decorridos anos de separação. Boquiabertos o casal de filhos logo entenderam que o amor e o destino também trabalham em silencio desempenhando o papel de cupido.

Alguns meses se passaram e a centenária fazenda do coronel, registrava a maior festa de sua história na celebração de dois casamentos promovidos pelo amor e o destino. Eternizando a felicidade de um casal interrompida pelo preconceito.

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 14/02/2011
Reeditado em 19/02/2011
Código do texto: T2790965
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