TÍTULO TROCADO

Ano de eleições, campanha acirrada, Antônio Izaias intrigado. Sempre pensando em quem votar. Afinale já vortei neste tá de jôrça, agora ele in dé candidato de novo, já vortei nele e num ganhô, eu num vô vortá nele de jeito nenhum, mais num vô memo, perde meu voto de novo. O ortro candidato já foi prefeto aqui, inton pra que quele, que sê de novo. Esse ano eu num vô vortá, e aqui im casa ninguém vai vortá tomem. Nisto chega o tio neném, ele é fanhoso, ron pá um quem que, o soro a ortá; hô nenem, eu num vô vortá in ninguem, um já vortei e peirdi meu vorto, o ortro, já foi prefeto, e num feis nada, e tem mais , aqui in casa neinguém vai vortá in neinguem. Tio nenem, olhou pro velho e falou, on pá, onqui in asa inguem ai otar, má éeu ou otar im, ééu o ortá no ôrça. Antônio Izaias ficou nervoso, e pra ele respondeu, ô neném eu tô te falano sô, se arguem aqui vortá, eu vô cortá ele é no cabresto, sê ta escuitando nenem, tá escuitando. Tio nenem saiu sem responder o velho, pois sabia que, o cabresto podia comer ali mesmo. Passaram se os dias, os dois nem se olhavam, tio nenem ia prá lida e voltava já noite, jantava, tomava banho, e caia na cama, Antônio Izaias também, nada comentava. As eleições se aproximavam, Sô Antônio, mais convicto ainda em casa sempre falava, ô gente eu tô arvisano, aqui esse ano nois num vai vorta in neinguem, cêis tá orvino né. Tio neném meio cabrero, mais falava com seus botões; é má pá um ode aber in ééu ô ortá o ôrça. No dia das eleições, num cofre que, no salão grande da casa ficava, e por cima deste uma caixa de metal, tipo aquelas que vinham biscoitos e balas importadas, era ali que os documentos da família ficava, tio neném, foi até a caixa seu título apanhou, e foi exercer a sua cidadania, votando no jôrça candidato a prefeito de Dores do Indaiá. Votou, voltou e no mesmo lugar onde tinha apanhado, o título colocou. Passaram se uns seis meses, Antônio Izaias dos documentos pessoais precisou. Foi na caixa apanhou todos seus documentos, ao ver seu título carimbado espantou-se. Ué, eu num vortei esse ano, meu titu, tá carimbado, e arsinado pelo mesár, qui diabo e isso. pensou pensou e ai teve uma idéia: dexa eu vê o titu do neném, procurou, achou. Uai sô o titu do neném num tem carimbo e nem tá arsinado pelo mesar, ele num vortó e eu vortei. Háaaa , aquele desgraçado vortó e vortó com meu titu, eu vô é da um coro naquele sem vergonha, onde já se viu vortá com meu titu, se nem eu vortei, ainda por cima foi vortá naquele safado do jôrça. Neném, vem cá, océ esse ano vortó. On pá ééu ortei in , ééu ortei no ôrça, há seu safado, océ vortou no jôrça, cum meu titu, nom pá ééu ortei on me titu. Oia aqui seu sem vergonha, oia aqui, on páaaa é pumque ois amamos iguáaa páaa, e ééu ão abia can era o sheu. Antônio Izaias falou pro tio neném, some daqui seu merda, se não, eu toco um trem nesse cabeção seu. É mais tomem, num sei puirque eu fui pô o memo nome meu nocê.