Pimenta Malagueta
Esse causo se passou na década de mil novecentos e sessenta em um pequeno povoado do interior de Goiás com o nome de Pendura Saia. Nesta época lá não tinha energia elétrica a iluminação nas casas, era feita a luz de lamparina. Lá vivia Paulo, moço bonito, sorriso aberto e franco. Filho do Seu Romero único açougueiro da cidade.
Como não tinha geladeira para conservar a carne, só fazia abate nos finais de semanas. Com isso Paulo precisava trabalhar para ajudar nas despesas de sua casa, pois só o dinheiro do açougue não dava. Ele trabalhava nas fazendas como vaqueiro. E certa vez foi trabalhar para o seu Tarcisio um fazendeiro muito rico da região que tinha cinco filhos, três moças e dois rapazes.
A sede mais bonita das fazendas de lá, era desse fazendeiro. A casa deste fazendeiro na época já tinha água encanada, serpentina para que a água estivesse sempre quente. E em um dos banheiros tinha uma banheira enorme. Como também tinha um pomar com muitas variedades de frutas. Neste pomar em baixo das árvores frutíferas o seu Tarcisio mandou fazer mesas e bancos como também uma churrasqueira.
A esposa do seu Tarcisio dona Neuza tinha o habito de secar a pimenta malagueta e depois socar para fazer pó de pimenta para colocar na carne como também no churrasco. Coisa comum na casa dela. Mas para quem tem uma das filhas com um problema mental não pode ter esse tipo de coisa em casa. Pois a filha mais velha do seu Tarcisio ficou com um pequeno problema, porque ao nascer enrolou o cordão umbilical no pescoço, O nome dela era Iolanda.
Quando Paulo começou a trabalhar para o seu Tarcisio ela o viu, apaixonou-se por ele, sempre dava um jeito de ir até onde ele estava para conversar com ele. Como Paulo era um moço muito educado dava atenção a ela. Mas sempre com muito respeito, pois ela era a filha do patrão. E uma coisa que o seu Tarcisio foi bem claro com ele quando o contratou para trabalhar é que sempre tratasse a sua filha bem e com respeito.
Em Pendura Saia, havia um costume entre os fazendeiros de fazer mutirão e sempre quando acabava o mutirão fazia uma festança com muita comida e com ranchão para dançar. E um amigo do seu Tarcisio estava precisando fazer a colheita fez o mutirão. Seu Tarcisio juntamente com seus dois filhos homens e mais os empregados da fazenda foram ajudar o amigo. E a noite teve a festa.
Paulo moço bonito que era logo começou a dançar com a filha deste fazendeiro que era amigo do seu pai também. Durante a dança eles conversar e ria na maior intimidade e Iolanda viu. E ficou com muitos ciúmes. Ficou em emburrada, de cara feia sua mãe perguntou o que estava acontecendo ela disse que queria ir embora. Nisto seu Tarcisio disse para um dos filhos a levar para casa. Seu irmão a deixou em casa e voltou para a festa. Só que, quando Iolanda chegou a casa não foi deitar, foi para a cozinha pegou o pote com o pó de pimenta e foi para o galpão onde ficavam os quartos dos empregados. Lá chegando, jogou o bote de pimenta na cama de Paulo e foi se deitar.
Quando a festa acabou e todos voltaram para a fazenda. Paulo tirou a roupa e foi se deitar. Não passou nem cinco minutos e ele levantou aos gritos, com o corpo todo ardendo e foi se jogar no riacho que passava nos fundos da casa gritando com o ardor que sentia no corpo todo. Todos na casa, levantara correndo para ver o que estava acontecendo. Seu Tarcisio perguntou a ele o que estava acontecendo e ele chorando disse, não sei! Só sei que quando deitei meu corpo todo ardeu parecendo que estava pegando fogo.
Seu Tarcisio foi ao galpão chegou à lamparina mais perto da cama e viu o tinha acontecido. Imediatamente ele e seus filhos foram para o curral tirar leite para que Paulo pudesse deitar nele para aliviar o ardor da pimenta. Paulo teve que passar o resto da noite dentro da banheira cheia de leite. Seu Tarcisio perguntou a todos quem tinha feito aquilo, todos disseram que não sabia havia feito aquilo. Foi quando ele se lembrou que Iolanda havia pedido para ir embora da festa.
Ele foi até o quarto da filha, porque ela foi à única que não se levantou com a gritaria do Paulo. E perguntou por que ela havia jogado pimenta na cama do Paulo. Ela disse que gostava dele e na festa ele nem olhou para ela. Que ele só dançava e sorrir para outra moça. Por isso ela chegou pimenta na cama dele para ele sofrer.
Quando amanheceu o dia e no meio da manhã o ardor havia passado mais o corpo inteiro de Paulo estava vermelho. Ele fez as malas e disse para o seu Tarcisio que iria embora da sua casa. Porque hoje foi um pote de pimenta e amanhã poderia ser coisa pior. E ele não estava a fim de morrer. Seu Tarcisio coitado ficou muito envergonhado com o acontecido e só disse Paulo sinto muito. Mesmo gostando muito de você e de sua família, não posso pedir para que fique. E Paulo foi embora e nunca mais voltou lá e quando ele ia visita a sua casa e Iolanda ia junta ele ficava dentro do quarto com a porta fechada para não vê-la mais. E ele namorou e casou a moça do baile.
Lucimar Alves