Oi, Meu Nome é Mateus

Dias desses minha irmã me contou que certa vez quando estava num ônibus, um garotinho de aproximadamente 5 anos sentou ao seu lado. A mãe sentou no banco do outro lado do corredor.

__ Oi!_ disse ele, olhando fixamente nos olhos dela.

__ Oi__ respondeu ela, sorrindo para ele.

__ Qual seu nome?

__ Luciana.

__ A tah...__ respondeu ele, meio pensativo.__ o meu é Mateus.

Algumas pessoas no ônibus começaram a prestar atenção no pequeno Mateus; tão inteligente, tão comunicativo.

__ Deixe a moça, Mateus__ disse a mãe.

__ Pode deixar__ disse Luciana, ele não está atrapalhando.

O garotinho riu para minha irmã.

__ Quantos anos você tem?__ ele perguntou.

__ Trinta anos e você?

__ Eu tenho cinco...__ ficou sério durante alguns instantes__ Você estuda?

__ Não...

__ Eu queria estudar... Mãe você estuda?

__ Não, Mateus....__ respondeu a mãe.__ Eu trabalho.

__ Ah tá. E você também trabalha?__ perguntou para a minha irmã.

__ Trabalho, sou professora.

Mais algumas pessoas paravam suas conversas paralelas para dedicarem seu tempo ao diálogo mágico entre o carismático Mateus e minha irmã Luciana.

__ Eu queria estudar, mas minha mãe disse que só ano que vem. Só pode ano que vem mesmo?

__ É...__ minha irmã respondeu__ Mas chega rápido; o ano já tá acabando.

__ Já tá acabando?

__ Já.

__ Mateus, já vamos saltar__ disse a mãe levantando-se.

__ Tchau, eu já vou embora.__ disse ele, segurando firme nas mãos de minha irmã.

Todos do ônibus se despediram do garoto e da mãe. Depois comentaram sobre a simpatia de Mateus, seu jeito irreverente e puro de falar e de conversar.

Depois que minha irmã me contou esse relato, lembrei-me de anos atrás, quando ajoelhado diante do altar da Igreja de Nossa Senhora da Glória pedi a Deus um coração de criança para poder contemplá-lo nas coisas mais simples da vida.

Fiz novamente o pedido, mas agora diferente: pedi que não só eu, mas toda a humanidade seu pensar e agir no pensar e agir de uma criança. Sempre alegra, pura.

Pedi que quando entrássemos num ônibus tivéssemos a mesma coragem do Mateus e dar um OI para o nosso irmão do banco ao lado, que déssemos um bom dia, que fizéssemos uma gentileza; mesmo que nunca tenhamos visto aquela pessoa.

Pedi a alegria da menina que certa vez vi correndo pela Igreja de Nossa Senhora da Glória, que ria, que era feliz, que vivia.

Peçamos a Deus um coração de criança, despojado de orgulho e da vaidade para podermos ver a vida não mais como apenas acordar, comer e dormir, mas sim como um grande presente, único e valioso.

Igor P Gonçalves
Enviado por Igor P Gonçalves em 14/01/2011
Código do texto: T2728689
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