CUMPADRE BBB

- Dia cumpade.

- Dia.

- Mais chove, hein?

- Tão falano que o São Pedro tá de férias e largô o São Benedito tomano conta das água. Diz quele gosta duns golo, foi pro boteco e isqueceu a torneira aberta.

- Hahahaha...

-- Quê que cê viu onte na tar da televisão?

- Nada. Deitei cedo e fiquei iscutano a chuva caí nas teia.

- Não viu lá a apresentação do tar de Ronaldinho?

- Brinca não cumpade. Aquilo lá é para quem não tem o que fazê.

- E asquela enchente?

- Todo ano é assim cumpade!

- Cumo assim?

- O povo fica xingano o São Pedro e isquece que antigamente chuvia mais ainda.

- Mais num tinha esse tanto de tragédia cumpade.

- Tô ficano dizacusuado de cunversá cocê cumpade.

- Caos de quê?

- Nos tempo de nóis mais novo, nóis pudia fazê casa inté na bera do corgo que num acunticia nada. A água tinha para onde i, hoje o povo se amuntoa nas cidade e faiz casa inté onde era os brejo, nos barranco, vão rudiano as cidade cum coisa que lá tem pirulito doce.

- Mas deve tê, né cumpade?

- Se tivé num tenho vontade de chupá.

- Mais antão cê num anda veno televisão?

- Só na hora de cuá o café cedo fico veno asques programas rurar.

- De noite nada?

- Nada. Deito cedo cumpade. Onte, cumo sabia quera a lua boa da muié, seco cumo sempre, fui lá na sala chamá ela pra deitá.

- Ela foi cumpade?

- Nem que a vaca tussa cumo dizia meu falecido pai.

- Tá sem morar cumpade.

- Puis é, quando cheguei na sala os óio da minha muié inté briava.

- Quê quela tava vendo cumpade?

- Sei direito não. Parece que era uma turma trancada dento duma casa chique e a televisão mostrano pra todo mundo oiá.

- Ah, é o tar de BBB.

- Quê qué esse trem cumpade?

- Burro, boiola, burricido, brasileiro de meia tijela...

- Sem o que fazê, sem noção, sem serviço, sem sono, sem vergonha... Sem democracia...

- Mas aí é SSS cumpade!

- Caba seno sabia?

- Caos de quê?

- Enquanto o povão distrái as idéia quessas bobage os coronéis pulítico tão lá em Brasília, cas faca nos dente brigano pelo poder.

- Será qué pra ajudá nóis cumpade?

- Mói não né!

....

JOSÉ EDUARDO ANTUNES

Zeduardo
Enviado por Zeduardo em 13/01/2011
Código do texto: T2727459
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