O Terceiro Pedido
Certa vez, no Largo do Machado visitei uma grande igreja, Nossa Senhora da Glória, se não me falha a memória. Sempre me disseram que quando se vai pela primeira vez a uma igreja, deve-se fazer três pedidos.
Ajoelhei-me num banco próximo ao altar e lá fui eu fazer os três pedidos.
Quando já estava terminando o segundo pedido ouvi um barulho forte de passos dentro da igreja. Olhei para trás, era uma garotinha, com aproximadamente 8 ou 9 anos. Bem sapeca, corria por entre os bancos do templo.
__ Filha, fica quietinha!_ disse a mãe dela, segurando-a pelo braço__ Não está vendo que o moço está rezando?__ deu um sorriso de desculpas.
Sorri para as duas. Fechei os olhos, ia fazer meu terceiro pedido. Mas não consegui.
Comecei a pensar naquela menina. Tão alegre, tão feliz, tão natural; mas foi repreendida pela mãe por Ter sido algo tão belo: criança.
A Sociologia nos explica que desde criança aprendemos no nosso meio social a como ser a agir. Quando crianças todos nós aprendemos que não se pode correr nem gritar dentro de uma igreja.
A mãe na certa, queria ensinar a garota que a igreja não era o lugar certo para brincadeiras e estripulias. Mas ensinava de um modo que parecia proibido ser feliz dentro de uma igreja.
O mundo seria bem melhor se continuássemos a ser crianças pelo resto da vida. Seríamos nós mesmos. Não precisaríamos usar mascaras. Não que sejamos falsos ou vivemos na mentira; mas somos oprimidos pelas expectativas dos outros. Somos privados da liberdade. Acabamos sendo quilo o que os outros esperam que sejamos e não aquilo que queremos ser.
Pobre humanidade, tão presa a regras e leis que de nada valem aos olhos de Deus.
Consegui fazer meu terceiro pedido: “Quero fazer-me criança para poder contemplar Deus nas coisas mais simples da vida”