O CAVALO E O BURRO
O que pesa mais, um quilo de sal ou um quilo de algodão? perguntou num repente Tio Tertuliano, nos que éramos ainda crianças mas já tínhamos uma resposta na ponta de língua e com o pouco conhecimento limitado pela nossa idade, tentávamos justificar a resposta, assim uns responderam que o sal era mais pesado, outros o algodão e tio Terto dava gargalhadas com as respostas que ouvia, obviamente que a nossa mente infantil não era o suficientemente desenvolvida a ponto de diferenciar o peso do volume. Um Quilo de sal tinha um pequeno volume enquanto um quilo de algodão um volume maior, porem era um quilo apenas e um quilo é sempre um quilo e assim a discussão ia longe até que Tio Terto se punha a contar mais um de seus causos que sempre vinham com uma boa moral e neste momento toda discussão se abrandava, mesmo aqueles que já havíamos ouvido muitas vezes, parávamos para ver o desfecho final
Todos os contos de Tio Terto começava com “Era uma vez” assim por diante ia descrevendo os seus causos como este. Era uma vez num lugar muito distante, a muitos e muitos anos atrás, existia dois amigos inseparáveis, um burro de carga muito simplório e um cavalo muito esperto, certa vez o patrão estava passando por algumas necessidade em sua fazenda e enviou os dois animais para a compra, deveriam trazer uma saca de sal e igualmente fardo de algodão, este segundo de volume um pouco maior que o primeiro porem com diferença grande no peso, assim cumprindo ordens lá se foram os dois animais à cidade.
Ao chegarem à venda, o cavalo muito astuto escolheu logo trazer o fardo de algodão enquanto ao pobre burrinho sobrou a saca de sal. Tudo arrumado o algodão foi colocado no picuá do burro e este, forte como era, nem sentiu o peso, enquanto o sal foi colocado no picuá do burro que era mais velho e mais franzino do que o cavalo, assim o animal sentiu o impacto da carga em seu lombo. No caminho de volta para casa o cavalo vinha trotando alegre e suave, o algodão não lhe representava peso algum, já o pobre burro tinha o corpo todo banhado de suor devido ao esforço físico para transportar a carga que lhe coube. De quebra o cavalo ainda zombava do pobre animal, vangloriando de sua inteligência e da inocência do outro que este deixou se tapear na frente da venda do povoado.
Após trotarem um bom trecho da estrada, chegaram a um grande rio onde deveriam passar a nado, pois não havia ponte. O Cavalo, apesar de ser mais racional que o burro, ainda o insultou, chamando o de lerdo, e imediatamente pulou dentro da forte correnteza e aos poucos o fardo de algodão foi se encharcando e somente com muito esforço conseguiu chegar a outra margem do rio onde quase não teve forças para subir ladeira acima devido o peso do algodão molhado que triplicou em seu lombo, ao contrario porem, o burrinho ao saltar na água, com a força da correnteza, o sal foi aos poucos se diluindo, assim ao chegar a outra margem do rio, o peso do sal sobraram apenas alguns quilos em seu picuá e seguiu o restante da viagem trotando garbosamente levando o quinhão de sal que havia sobrado enquanto o cavalo a duras penas transportava o fardo de algodão encharcado.