É LÁ LONGE
É LÁ LONGE
Vez por outra até duas vezes por ano a gente vai passar as férias no litoral. Lugares aprazíveis com vista para o mar uma boa pousada, água fresca e cerveja. Sempre nos lugares que a gente foi se via algumas ilhas e bem verdade de vista são longe.
A filha mais nova não cansava de admirá-las e vez por outra pedia para visitá-las e alguém eu ou outra pessoa argumentava:
- É longe não dá para ir.
Ela foi crescendo até entrar para a escola. Nunca foi uma aluna aplicada e de raciocínio lento. Demorou 10 anos para ser alfabetizada e outro tanto para aprender quanto dava dois mais dois.
Durante a alfabetização contratamos uma psicóloga para lhe ensinar. Era usado aquele sistema de troca-troca. Aprendeu uma letra ganha um docinho e como ela tem um apetite voraz acertava. Mas no dia imediato não se lembrava de mais nada e nessa brincadeira foi engordando.
Uma parenta de minha esposa resolveu pegar a alfabetização dela por empreitada usando o tradicional método da palmatória. Não é que consegue alfabetizá-la e ainda por cima emagrecê-la só um pouquinho.
Bem ela foi matriculada onde a parenta alfabetizadora é vice. Na aula de geografia minha filha sempre desatenta com tudo que é de estudo levanta a mão quando a professora pergunta a todos o que é uma ilha.
- Muito bem fulana bem responde-nos o que é uma ilha.
Sem cerimônia nem nada e com uma baita conhecedora de ilha lascou:
- É um lugar lá longe... apontando o dedo ao horizonte.
Goiânia, 28 de dezembro de 2010.