O SAPO E O LETEIRO

Um sitiante muito trabalhador cultivava legumes, frutas, criava animais de pequeno porte, e possuía algumas vaquinhas de leite. Sua produção era vendida na cidade, que situava bem próxima do seu sitio.

Embora muito trabalhador, o homem era teimoso como uma mula mal domada. Quando cismava que pau era pedra, não mudava de opinião nem que o diabo berrasse no seu ouvido.

Entrava ano saia ano o homenzinho naquela rotina constante. Ordenhava suas vaquinhas colhia seus legumes, frutas e ovos, colocavam na sua carroça e tomava o rumo da cidade para vendê-los. Criava sua numerosa família com seu trabalho de certa forma honesta. Teimoso como era quando discordava de alguma coisa preferia morrer, mas não mudava de opinião. "Herança hereditária."

No seu trajeto do sitio para cidade havia um grande latifúndio pertencente a um magnata. Um pequeno igarapé margeava a estrada em quase todo o seu percurso, ou melhor, a estrada o margeava. Entre ambos seguia também uma trilha. Tortuosos como se fossem três rabiscos desenhados por algum mestre delineando a bela paisagem. No decorrer do tempo o colono notou a presença e um sapo, que seguia trilha afora numa velocidade incrível. Fazia-se uma pequena parada, o sapo também parava. De inicio ele não deu muita importância ao fato, mas com o passar do tempo começou a se intrigar, e até se aborrecer, afinal por que aquele bicho asqueroso o seguindo diariamente pra La e pra Ca?

Como todos nós temos um dia na vida que a paciência esgota. O leiteiro de saco cheio desceu de sua carroça e resolveu encerrar o bicho. Olhou bem nos seus olhos e perguntou – oh seu sapão nojento o que eu tenho com sua vida-, pra tu ficar me seguindo sem parar desta forma diariamente? – Acontece que eu sou seu avô! –Credo em cruz nunca viu sapo falante! –Eu também não! –Resmungou seu cavalo. – Meu Deus-, estou perdido um sapo e um cavalo falando comigo estou louco ou sonhando? – Nada disso meu neto! Deixa que eu te conte minha história e você vai entender tudo, não tem nada de anormal... O que aconteceu, é que eu era mais teimoso que você e nunca acatei opinião de ninguém. Há muitos anos eu era como você um leiteiro teimoso, que um dia encontrou aqui um beato-, ele me disse carinhosamente - lá vai vender seu leitinho filho! – Sim vou vender! –Se Deus quiser não é filho?- Se ele quiser vou se não quiser vou assim mesmo! Aí ele me transformou em sapo. Sofri pra diabo -, muito tempo se passou, ele voltou me transformando no velho leiteiro e perguntou de novo-, se Deus quiser não é mesmo filho? –Se quiser eu vou se não quiser, o lago está perto... De novo ele me transformou em sapo.

O que os teus te contaram sobre o teu avô? –Disseram-me que ele desaparecu misteriosamente, minha avó chora por ele até hoje! Pois é filho essa é minha historia agora preciso morrer chegou o meu tempo, mas para isso preciso que você faça um grande sacrifício por mim, deixe de ser teimoso. Só assim irei conseguir paz. No dia que isso acontecer. Vais ter uma surpresa-, quando menos esperar a roda de sua carroça vai passar sobre mim e então eu quero que me enterre La na porteira do sitio, mas isso é segredo você não deve contar a ninguém ficará entre você e eu! - K.K.K.K.K. Quer dizer que eu vou ser o assassino-, vou contar pra tudo que é cavalos e éguas que tem nestas redondezas, esqueceram que eu ouvi tudinho né seus dois trouxas? - assim expressou o cavalo do leiteiro!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 27/12/2010
Reeditado em 27/12/2010
Código do texto: T2693622
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