NADA COMO DEUS

No tempo em que no mundo predominava a monarquia, a soberania dos reinos era constantemente ameaçada por tiranos. Tomados pela sede de poder na ânsia louca e insaciável de conquistar outros reinos, eles cometiam as piores atrocidades para satisfazer o insano desejo do “TER”.

Em determinado reino a população vivia a duras penas impostas pelo rei cuja visão se focava tão somente no seu interesse pessoal.

Dentre os súditos do reino, o Velho Firmino, um sexagenário de cor, temente a Deus, analfabeto das letras, mas escolado e sábio em vivencia.

Velho Firmino era um eterno enamorado da natureza, dizia ser filho dela. Na barranca do pequeno rio, que cortava pelo meio a cidadezinha onde situava o palácio real, seu casebre simples era decorado com variadas peças de madeiras e pedras caprichosamente esculpidas pela ação do tempo no decorrer dos anos.

Sua horta medicinal um verdadeiro laboratório ecológico, era a salvação das inúmeras famílias que a ele recorria em busca de suas ervas. Curas milagrosas aconteciam com o receituário do bondoso Firmino. Não tardou sua fama atravessou fronteiras e em todos os reinos vizinhos se comentavam sobre velho Firmino, como sendo um enviado que curava tudo com apenas um simples chá de erva acrescido por três pequenas palavras mágicas (NADA COMO DEUS). No decorrer do tempo aquele reino, teve grande conotação atraída pelo velho tornado-se mais conhecido como reino do Velho Firmino. Fator que desagradou o rei cujo nome era “Generoso”-, aliás, injusto, pois nada em generosidade se praticava naquele reinado.

Velho Firmino com toda humildade cultivava suas plantas medicinais. Ao repassá-las aos pacientes que o procurava-, simplesmente dizia: (NADA COMO DEUS). Irado com os comentários e a multidão que diariamente atravessava a cidade á busca do velho, o rei mandou um emissário investigar. Diante de tamanha humildade o emissário voltou ao rei levando uma porção de ervas e dizendo (NADA COMO DEUS). Esbravejando o rei ordenou sua prisão, sendo ele jogado no calabouço palaciano. E de imediato ordenou também ao chefe da guarda real a prisão do velho Firmino.

Conduzido a presença do rei cabisbaixo, ele se limitou a cada pergunta feita, dizer apenas (NADA COMO DEUS). Cuspindo fogo o rei desceu as escadarias do palácio e ordenou que conduzisse o prisioneiro a margem do rio. La chegando tirou do dedo, seu anel, entregou-o ao velho Firmino e ordenou: - atire-o no leito rio. Sem entender, o pobre homem obedeceu. - E agora... O que me dizes? – NADA COMO DEUS MAJESTADE! – Então me prove terás três dias para devolver meu anel... Voltará a seu casebre será vigiado dia e noite e no quarto dia, devolva meu anel... Ou será enforcado! – NADA COMO DEUS a resposta do Firmino. Passaram dois dias, Velho Firmino cuidando suas ervas como se nada tivesse acontecendo. No final do terceiro dia conduzido. De volta à presença do soberano que lhe pergunta: - então velho onde está teu Deus que nem veio te salvar?

-Eis que derrepente entra por uma janela do palácio um pássaro branco carregando um peixe pelo bico o atira sobre a mesa, e saí rapidamente por outra janela. No impacto do peixe com o mármore da mesa, ele partiu ao meio soltando o anel –, sorrido o velho Firmino diz: - eis aí teu anel majestade NADA COMO DEUS!

Boquiaberto com o milagre o rei disse; - oh bom homem... Pedi o que quereis! Eu vo-lo –concederei – Abra teu coração oh majestade e deixai entrar nele o amor porque NADA COMO DEUS o verdadeiro amor!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 20/12/2010
Reeditado em 12/06/2011
Código do texto: T2681766
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