O CUMPADRE DO AMIGO "OCULTO"
Em toda regra tem exceção mas a natureza continua sendo nossa maior amiga
- Bamo pescá cumpade?
- Hoje posso não.
- Caos de quê?
- Minha fia chamô o povo da muié pra passá o Natar quincasa e vai tê um tar de amigo ocurto.
- Quê qué esse trem cumpade?
- Uai, sei direito não. Só sei que dô um presente e recebo outo.
- Mais pra quem cê vai dá presente?
- Sei inda não. Porisso num posso pescá, vai tê um sorteio quincasa hoje.
- Cumé que funciona esse tar de sorteio?
- Uai, minha fia falô que iscreve o nome das pessoa num paper e cada um pega um...
- ...
- Tá rino de quê cumpade?
- Tô pensano so cê pegá o nome da sogra...
- Brinca não cumpade, sô tão azarado não.
- Mas e se....
- ...
- Então...
- Cisso acontecê, imbruio minha muié em paper de presente e devorvo prela.
- Sua fia vai achá ruin.
- Ligo pra mais nada não. Minha fia só aparece poraqui de veis in quando e minha muié já me farta faiz tempo...
- Antão esse amigo oculto...
- Tudo é ocurto cumpade! Essas festejação é prá boi dormi! Tapá sor ca pinera! Ninguém fala em Jesus! O único amigo que tenho é o sol que de veiz inquando se ocurta atráis duma nuve. Mais na maioria das veis clareia minha serra e me torra a pele cumo esse povo mais moderno me torra a paciência.
- Carma cumpade, tá munto nervoso!
- ...
- Cumpade...
- Risorvi, bamo pescá qué mió...
- Mais e o tar de amigo...
- Ocurto. Os pexe vai tá lá iscundido mais sinóis pegá es, num pricisa dá presente...
JOSÉ EDUARDO ANTUNES