Orvalho

Noite fria e cobertor de lã

Uma combinação perfeita

Mas tem dia que é desfeita.

Bem cedinho temos obrigação

Menino pequeno e obediente

Acorda e vai pegar o alazão.

Vasto pasto, vasto chão...

Fazendo atalho,

Vou correndo e espalhando

As gotas de orvalho.

Vou me lamentando

Chorando e gritando

Com o irmão mais novo

Que juntos desafiam

Todos os dias em cada manhã

Os caminhos e pastagens

Por onde os animais

Nas noites frias

Vão se aquecer

Para no amanhecer

Se deixar prender

E no lombo papai colocar

Uma cangalha e dois tonéis

Para o leite dos currais servir

E o fabrico abastecer

As casas dos coronéis.

Coitado do bicho...

E de mim também

Ele: lutando, sapateando

Mesmo sem querer, pisa os meus pés.

Eu: chorando e gritando.

Incompreendido, sou confundido

Com menino preguiçoso,

Fraco ou manhoso... Talvez tinhoso.

Querendo esquivar-se da lida

Da ajuda para a descida

Do tonel da cangalha.

Êta menino que trabalha

Ajudando desde cedo

O pai que cobra sem medo de errar

Na criação que dá,

Mas faz o que pode.

E é muito feliz

Porque o que ele faz é amar.

JOSMAN LIMA
Enviado por JOSMAN LIMA em 13/12/2010
Código do texto: T2670162
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