OS DESEJOS DAS TRES ARVORES
No alto de uma colina viviam harmoniosamente três arvores centenárias envolvidas nos seus sonhos, passaram séculos e séculos remoendo seus desejos e ambições, dizia a primeira que queria ser um baú para guardar as jóias mais preciosa do mundo, a segunda suspirava e olhando para o mar que se avistava ao longe carregava dentro de si o desejo de ser um navio de luxo para carregar reis e rainhas pelo mar infinito em constantes festejos e por conseguinte a terceira arvore dizia querer se perpetuar no tempo, que seus troncos fossem sinal de vida para o mundo por milhares e milhares de anos e que todos que para ela olhasse, pudesse enxergar a grandiosidade de Deus Onipotente e Onipresente, mas lá permanecia elas, belas , oponentes, majestosas entre os demais arbustos daquela montanha.
Certo dia aquelas terras caiu nas mãos de um jovem empreendedor que de imediato, planejou o corte das arvores e assim, sem dó nem compaixão o lenhador chegou portando o seu machado e desferiu golpes até que as pobrezinha viessem ao chão.. O Tronco da primeira logo foi transformado num coxo e foi para o curral da fazenda onde era servido o alimento dos animais, e ali, em meio as palhas e estrumes, a pobre arvore viu o seu sonho desfeito, mas não desanimou. A segunda arvore, madeira de lei, foi logo vendido ao dono de um estaleiro que produzia barco para pescadores, e se transformou num pequeno barco de pesca, navegando pelo mar da costa, cheias de peixes, com cheiro forte do pescado também viu o seu sonho cair por água abaixo, mas não desanimou e continuou cumprindo o seu destino. A Terceira arvore então nem se fale, não foi encontrada comprador, como tal o proprietário enviou para uma serraria onde foi transformada em poderosas vigas e guardada no paiol para uso em tempo oportuno, desta forma esquecida entre as ratazanas lá ficou a pobrezinha que sonhava perpetuar no tempo.
Numa certa noite muito especial, cheia de luz e de estrelas e até um comenta com uma grande calda luminosa passava por sobre o céu, no silencio da madrugada parecia ouvir no ar uma sinfonia de mil melodias cantada pelos anjos, uma jovem mulher não encontrando acolhimento nas estrebarias do povoado, se dirigiu até aquele estábulo, ali deu a luz uma lindo menino que depositou naquele concho e tão aconchegante se tornou que ate os animais ali vieram se ajoelhar e agradecer a deus por tamanha preciosidade que ali se achava O simples gesto de acolhimento naquele momento fez a arvore reconhecer que o sonho de carregar a jóia mais preciosa acabara de se concretizar naquele momento.
Alguns anos mais tarde, um barco de pesca, aquele mesmo construído com a madeira da segunda arvores, comandado por um rude pescador, navegava nas águas do grande rio, quando certo dia foi solicitado que levasse um simples homem errante de uma margem a outra, viagem longa e o homem dormiu sossegadamente em seu convés, uma forte tempestade ameaçou naufragar o frágil barco pesqueiro, mas o homem acordando, olhou para o céu e disse: Paz. A tempestade acalmou e a viagem seguiu serena e calma até o cais de destino e foi neste momento que a segunda arvore sentiu ter realizado o sonho de transportar reis, pois acabara de levar de uma margem para a outra do rio senão mais do que aquele que até o mar lhe obedece, o verdadeiro o Rei do Céu e da Terra.
O tempo passou até quando numa sexta feira o dono do paiol apareceu com alguns soldados e pegaram as vistosas vigas que estavam guardadas a muito tempo e qual foi o espanto delas quando foram unidas em forma de uma cruz e um homem muito maltratado pelo açoites que sofrera, foi impiedosamente obrigado, quase sem fôlego, levá-la nos ombros e sob chibatadas, até o alto de uma colina e lá sem dó nem compaixão, foi nela pregado. A arvore sentiu-se horrível e cruel quando em seu lenho, o sangue de um homem aparentemente inocente escorria, sentiu repugnante, lembrou daquele tempo em que sonhava com as outras arvores, expressando os seu desejo de ser para sempre lembrada, mas qual o que, talvez agora seu sonho fora realmente por água abaixo. A multidão que ao longe assistiu a cena, foram aos poucos se dispersando, ao pés da cruz apenas algumas mulheres e uns poucos homens, alem dos soldados que vigiavam o funesto lugar, o homem expirou e na tarde fora tirado daquela cruz e sepultado por algumas almas caridosas e tudo parecia se consumar. No domingo, triste com o ocorrido, o mundo vibrou numa alegria só, o homem ressuscitou, não estava mais morto e a arvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para a redenção do mundo e que ao olhar para seus madeiro em forma de cruz, se lembrariam de Deus e de seu filho Jesus Cristo para sempre, o seu sonho se realizou no tempo e no momento certo.
Era vésperas de natal e o velho Tio Terto encerrou seu causo, nós crianças estávamos de queixo caído com a sabedoria do tio que finalizou dizendo que continuássemos a sonhar, mas que abríssemos os nosso corações para entender o que realmente Deus quer de nós, nem tudo acontece da nossa maneira e no nosso tempo mas sim conforme a vontade e tempo de Deus.