A MORTE E A MULHER APAIXONADA PELO MARIDO

Mario e Margarida trocavam juras de amor desde a infância, quando juntos caminhavam os quatro quilômetros que separava a fazenda dos pais de Mario, à escola do pequeno povoado. Uma fantasia de crianças que trocavam olhares e recadinhos de amor pelos floridos caminhos da infancia. Margarida era uma bela menina, filha de um colono agregado da fazenda. A amizade dos pais contribuiu naquele namorico de criança, que amadureceu como eles até o casamento. O casal causava admiração aos amigos e em toda a vizinhança pela intensidade daquele amor que parecia tão perene.

Margarida vivia dizendo que queria morrer antes do marido, pois jamais suportaria a vida sem ele. Mario muito brincalhão fingia não acreditar, e fazia muitas brincadeiras, se fingindo de morto em diversas situações só pra ver a reação da esposa. Que ficava apavorada em tais ocasiões.

Certo dia chegou à triste noticia que um seu amigo de infancia que falecera, e que uma grande epidemia ceifava muitas vidas num povoado vizinho onde o mesmo residia. Mario selou seu cavalo e foi prestar solidariedade a família enlutada e despedir do amigo.

Ao regressar resolveu pregar uma peça na esposa e testar se realmente ela dizia verdade quando afirmava querer morrer primeiro que ele. Bom ator como era se fingiu estar impressionado com a maneira de agir da morte no tal povoado. Segundo ele ela chegava com uma visão do individuo, incorporada em forma de um frango depenado. E todo aquele que tinha a infelicidade de deitar os olhos nela estava condenado. Não havia quem escapasse de morrer. Por alguns dias ele comentou a respeito como se tivesse prestes a receber a visita da morte.

Assustada e afirmando que o defenderia de unhas e dentes e morreria por ele se preciso fosse à mulher o consolava a todo o momento de seus delírios fantasiados.

À noite sem que ele percebesse, ele pegou um frango de pescoço pelado e de poucas penas. levou ao fundo do pomar depenou bem depenado e o deixou preso num balaio por três dias. Na tarde do ultimo dia ele foi até lá e o soltou. Esfomeado louco por comida o frango avançava nele. Correndo a sua frente e gritando pela esposa dizendo - a morte, a morte! Entrou dentro do forno de assar biscoito puxou a tampa, e olhando por um buraquinho via a mulher apontando para o forno e dizendo em cochichos: ta dentro do forno... Ta dentro do forno... Ta dentro do forno! Até que atacada por ele que avançava querendo comida, ela, num berro monstruoso grita; táááá dentro do fooooooooorno!

É assim...?! Isso que é amor o retrucou Mario saindo do esconderijo!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 29/11/2010
Reeditado em 29/11/2010
Código do texto: T2643070
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