NEM TODO CAIPIRA É TÃO BURRO

Dois caipiras eram compadres e vizinhos. Entre suas propriedades havia um grande pântano estagnado pelo rio que dividia seus imóveis. Combinaram entre si rasgar manualmente o grande dique formado pela ação do tempo que obstruia a passagem d’àgua formado o grande alagado.

Feito a sangria e concluído o objetivo, o resultado foi positivo. Uma enorme área de terra fértil surgiu entre ambos. Junto também surgiu a questão da partilha. O lógico seria dividir ao meio, mas, cada um querendo puxar a sardinha para seu lado, ficando com uma área maior alegando ter colocado mais mão de obra que o outro. Amigos como sempre foram; resolveram juntos procurar um advogado a fim de resolver a pendência.

O advogado explicou que poderia pegar a causa apenas de um e que outro deveria procurar outro advogado para que a causa percorresse o trâmite judicial. Analfabetos pouco entenderam o linguajar do profissional, pedindo a ele indicar outro a quem pudessem recorrer.

Diante da questão o advogado pergunta: - vocês sabem ler e escrever? –Nadica de nada seu dotô! Responderam os dois ao mesmo tempo. - Pois bem vou escrever uma carta ao meu colega e vocês decidem, eu pego a causa de um e ele do outro.

Saíram os dois. No caminho um disse ao outro; - cumpade ancê já viu falá qui tem arguns divogado danade isperto, - já vi mêmo cumpade! -Ancê num acha mió nois ranja argum sabido mode lê êss trem pra nois primero mode vê o quele iscrivinhô nês paper? – sabi qué mêmo cumpade, já qui sêmu amigo numa custa nada. Vamu pidi u Zeca do Barro mode lê esse trem pranóis! Lá foram os dois. O bilhete dizia o seguinte: - Caro compadre suadações. Nesta manhã aparecerem em meu escritório dois franguinhos; caipiras legítimos, estou os encaminhando a você. Ao que parece a fonte é rica vai produzir muita água. Depena um deles e me encaminhe o outro que eu o depenarei.

Ouvindo a leitura, disse um ao outro; - uai cumpade nadivê qui o home é danado mêmo sô! U jeito mió de fazê, é nois qui sêmu iguar irmão, parti ês trem de carqué jeito mêmo sô! Afinar nossus cubrinhos num é capim não sô!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 22/11/2010
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