Noite de horror
Gravatá ou bromélias
Como queira chamar
A noite é escura
E pela cerca viva
Ninguém quer passar.
A mãe manda o filho obediente
Ir na casa lá do mato
Ele chora, sente...
Mas é ordem, tem de obedecer
Mesmo com medo de rato,
Raposa, cobra ou sariguê...
Tem de ir, a mãe não quer saber.
O candeeiro está vazio
A luz está apagando
O irmão mais velho o acompanha
Os dois vão andando.
O gravatá tão temeroso
Passa ligeiro
E o menino medroso
Tem de buscar gás pra o candeeiro.
Abre a cancela
Mas seu chiado
Deixa o coitado
Todo borrado.
Sai correndo e logo vai vendo
Bem de longe uma silhueta
De um cavalo a galopar em sua direção
Quer gritar mas é calado pelo irmão.
Seguem em frente e encostam na cerca.
O velho Zé Preto passa sem ver
De tanta cachaça que se pôs a beber.
Depois de andar
Por dentro do mato, por caminho fechado
Com querosene na mão
De volta pra casa desafiam a escuridão
Por baixo de cerca
Por cima do medo
O menino obediente
Chega em casa com o coração na mão
Porém bem contente
Por cumprir a sua obrigação.