O MICO
O Mico tem tanta história para contar! O Mico era filho único de uma família abastecida de posses. Rapaz trabalhador que ajudava seu pai na labuta do leite e do café, mas em agosto... Festa do peão de Barretos que o Mico não perdia de jeito nenhum. Ele e sua turma iam de carro, de ônibus, caminhão ou até “a pé” se preciso fosse, tal a paixão que tinham pela farra em Barretos. Com o tempo tornou-se conhecido de todas as raparigas, cafetões, dona de boates de Streep, donos de motéis...
Com o tempo seus pais fizeram com que ficasse noivo de uma prima em primeiro grau; talvez para juntar herança ou porque não apurar ainda mais a raça. Antes uma simples menina que não entendia direito aquela paixão que seu primo noivo tinha em ver cavalo pular. Com o tempo começou a desconfiar e pediu para marcar logo o casamento, de preferência em agosto porque queria passar sua tão sonhada lua de mel em Barretos, vendo cavalo pular.
E lá foi o casal de pombinhos para Barretos. No hotel cinco estrelas não tiveram nenhum problema porque ninguém conhecia o Mico. Noite de núpcias perfeita. No outro dia sai o Mico com a fresca esposa para ela ver onde realmente onde o cavalo “pulava”. Problema sexual resolvido, felicidade total. Tudo fresco, tudo novo. Nas proximidades de onde o rodeio seria feito a fresca esposa não entendia a popularidade de seu marido peão. Diziam: “Oi Mico, a Baiana veio! O bordel da Justina está aberto de novo! Cê lembra Mico, aquele dia que ficamos com trêis! A Paula tá falano que o pivete dela é seu fio! Cuidado com a AIDS rapaiz!”
A mais nova esposa caminhava cabisbaixa, talvez pensando como uma herança poderia valer tamanha humilhação. Só levantou a cabeça, já dentro do palco do rodeio, quando alguém lá de cima gritou: “Eh Mico, até que enfim cê arrumô uma rapariga ajeitada”.
JOSÉ EDUARDO ANTUNES