O PAPAGAIO QUE SABIA LER

Um coronel do exercito após se reformar decidiu comprar uma fazenda onde pudesse viver com tranqüilidade. Cansado das agitações da grande metrópole quis se isolar na monotonia do sertão.

Adquiriu um grande latifúndio. Construiu sua mansão com área de lazer, um heliporto, uma capela para meditações, e tudo aquilo que julgava necessário para bem viver.

Aos agregados que trabalhava na propriedade ele deu liberdade para cultivarem de graça os alimentos básicos, e assim sobreviverem de maneira digna. A ele não interessava lucros, uma vez que seu objetivo era apenas viver longe das agitações do centro urbano, em paz e harmonia com a natureza.

Um dos caipiras morador em suas terras tinha um papagaio que conversava pra caramba a ave parecia superdotado. Aprendia com uma facilidade incrível tudo que ouvia falar. Rezava o Pai Nosso e Ave Maria com uma perfeição admirável. Vivia solto na propriedade voava livre por toda parte bisbilhotando tudo que ocorria. Tinha uma percepção fantástica dos fatos que e decorava textos com grande facilidade.

Na inauguração da sede construída pelo coronel vieram as autoridades do mais alto escalão militar, seus amigos dentre eles o pároco da região na qual situava a corporação a que pertencia. Convidado que fora, para a celebração da missa inaugural.

Convidados pelo coronel a comunidade matuta daqueles derredores compareceu em massa.

Iniciada a celebração o papagaio pousado na janela da capela respondia junta a assembléia todas às orações rezadas pelo celebrante. Ao término, na hora da benção das instalações o bisbilhoteiro repetiu todas as palavras do scerdote. Admirados com sua inteligência as autoridades presentes sabatinaram a ave de diversas formas, com ela repetindo rapidamente tudo que era dito por seus expectadores. Logo o celebrante quis comprar o papagaio. O dono acabou o doando a ele.

Feliz La foi o padre no seu helicóptero levando seu louro. Na celebração de domingo seguinte, hora da missa, o padre fez um belo sermão abordando a importância do convívio do homem com os demais seres da criação divina que vive na natureza, e prometeu que no domingo seguinte um papagaio faria uma leitura. Abismados com a revelação os fiéis julgaram que o religioso estava ficando louco. O assunto se espalhou como rastilho de pólvora com todos querendo conhecer o animal.

O padre passou a semana lendo e treinando o papagaio para apresentação que prometera. No domingo a igreja superlotada todo mundo querendo ver o bicho. Na hora da leitura um profundo silencio o papagaio todo garboso, com um laço de fita amarela no pescoço pousado na haste do microfone segurando no pezinho o folheto, fez corretamente a leitura, que havia decorado durante a semana, levando a assembléia ao delírio.

Durante a semana que sucedeu o assunto do louro nos diversos bairros da paróquia tomou conta da mídia, quem viu contava, quem não viu não acreditava, mas queria ver. Mais uma semana de treinamento que ficou cargo do assistente paroquial que andava meio mordido com o padre por questões pessoais, mas treinou a ave direitinha. No domingo uma multidão compareceu para a missa atraída pelo papagaio. Querendo puxar a sardinha para seu lado o religioso havia elaborado um texto enaltecendo suas qualidades, e abordando a boa conduta a ser seguida pelo cristão. A igreja super lotada a assembléia ansiosa, o novo pregador caminhava de um lado a outro do altar. O padre só não imaginou que o seu rival poderia tirar proveito do louro para alfinetá-lo.

Encerrada a celebração ninguém redará pé da igreja, aguardando o novo pregador anunciado, caminhando pra la pracá, preparado para seu sermão ecológico.

Posicionando na haste do microfone com papel preso pelo pezinho o louro começou: - caros fieis irmãos e irmãs vocês estão vendo este homem ele é um santo... É um pai... Um santo do pau oco e um pai! É Pai, dessa gurizada de olhos azuis que tem esparramado por estas redondezas! Basta ver um rabo de saia que ele joga a batina de lado fica logo arrepiado e sai correndo atrás!

E sabe de mais uma coisa eu to cascando fora porque depois disso ele vai querer comer meu fígado! Thiau pra todos num tá mais aqui quem falou! To aqui e to La onde eu nasci... Fuiiiiii!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 25/10/2010
Código do texto: T2577038
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