só podia ser mais uma do Zé goiaba.
Já ia anoitecendo e Zé goiaba ainda não tinha voltado para o jantar, todos estavam preocupados Zé não era dado a isso. Era muito responsável, apesar do que diziam.
Vocês sabem..., não, vocês não conhecem o Zé goiaba?Bem devem ser estrangeiros o doidos por novela. Sei lá.
Pois não há quem não o conheça. (pelo menos nesse mundão de DEUS.)
Voltemos à estória. A noite foi seguindo seu caminho natural adentro, e nada do Zé.
Veio à madrugada, os primeiros raios de sol e nada, na hora do almoço o cabo xexél foi chamado. Era choro pra cá, choro pra lá.
As mulheres reunidas para rezar o terço puxado por Ana beata que já encomendava a alma do Zé Goiaba.
Os homens bebendo o corpo e contando piadas, mesmo sem existir um corpo ali. Era tradição e foi assim que tantas vezes o Zé tinha feito e queria que fizessem por ele. Quando o padre chegou já anoitinha, Ana beata já tinha preparado o caminho para que Zé goiaba fosse direto para o céu. O padre acenou pro sacristão e disse __Prepare o corpo pra extrema unção. Então de olhos fechados se dirigiu ao quarto onde supostamente estaria o corpo do Zé. E continuou._Senhor receba alma dessa pobre criatura que apesar de não freqüentar a igreja, não ser batizado e nunca dar o dizimo, sempre foi um bom cristão. Mesmo não guardando o domingo, nunca tendo comungado nem confessado. Ou ajudado na paróquia, sempre foi um homem de valor. Trabalhador honesto, corajoso e, sobretudo um amante da verdade...
_ (Hum, hum.) desculpe padre. Disse o sacristão interrompendo o sermão.
_Tudo bem. Disse o padre nervoso. Sei que ele não era grande coisa. Era um mentiroso e preguiçoso, mais o que mais podia dizer?Por mim ele não entra no céu. Mais tenho de fazer meu serviço, então...
_Não é isso, padre. É que não tem corpo ai, olha!
_U É Cadê o corpo?Perguntou o padre assustado.
_Que corpo?Respondeu a viúva que não era viúva ou era, e ainda não sabia. Ou achava que era, pois todos diziam que era. Sei lá, também estou confuso.
_O corpo do Zé goiaba, Cadê?Como posso encomendar um corpo que não está presente.
_Ói, é claro que eu to aqui. Disse Zé goiaba adentrando o quarto. Vixi quem morreu seu padre?
_Tu..,homem.só podia ser mais uma do Zé goiaba.disse o padre acendo ao sacristão para que fossem embora.
Ana beata saiu chorando, pra ela sua reza resultou em um milagre. Pois Zé goiaba havia voltado da terra dos pés junto. Os homens aproveitavam agora pra beber ainda mais, já que o Zé voltou ao mundo dos vivos. A ex viúva se é que existe, olhou para o Zé e perguntou._Onde tu tava homem?
Ai, já foram logo acendendo uma fogueira, pois sabiam que vinha estória.
Ele foi até o fogo e começou a mexer na brasa, seu rosto ficou iluminado assim como seus olhos. Assoprou as estrelinhas que subiam. Deu uma golada no café que lhe foi dado.
Levantou a cabeça para o céu como quem busca inspiração e começou.
Logo de manha eu sai pra esticar as pernas como faço todas as manhãs. Sai pensando na vida. Ai andei. Andei... E andei e quando dei por mim, estava em um lugar que nunca tinha visto. foi quando Então
Avistei um sujeito no meio do mato e gritei._OI! Bas tarde, seu moço.
_Boa. Respondeu ele. enquanto mexia no mato.
_O senhor sabe onde estou?Continuei perguntando.
_Sei. Respondeu ele. Aqui no mato. e continuou procurando algo.
Acho que não me entendeu, pensei e cheguei mais perto pra prosear melhor.
_Que tu ta fazendo ai no meio do mato? Perguntei.
_O prefeito veio obrar por aqui e acabou perdendo as botas.
_Que cabra desastrado, como ele chama.
_ (Judas.)
_tem certeza que é aqui que o Judas perdeu as botas... Epa pizei.
_NAS BOTAS?
_não, a obra. Mais cadê o prefeito?
_Ele tá ali ta vendo, ali onde o vento faz a curva.
_Eu me chamo Zé goiaba e você?
_Eu não, sou o nho Barbino. Funcionário publico, secretario de obras e assistente do prefeito.
Foi quando lá longe o prefeito gritou._OIA A ONÇA!
Eu de primeira dei um salto de mais de dez metros para trás e cai encima do galho da arvore.
(MAIS DE DEZ METROS? perguntou um dos ouvintes.) ou mais, na hora não medi.
Nho Barbino ficou preso ao chão, a onça veio em sua direção já lambendo os beiços, deu três voltas ao seu redor e sentou-se.
_ME ACODE, ZÉ GOIABA!! Gritou ele.
Nem precisei ir acudir, ao ouvir meu nome, a onça miou**... (Porque onça não fala.) _*Zé Goiaba to fora.
E se mandou mata adentro. Ai pense que raio de lugar era aquele, onde os bichos me conheciam e os homens não.
Acho que andei muito, estava perdido, coisa que nunca me aconteceu. Foi quando vi que uma turma de evangélicos vinha em nossa direção. Muito educadamente nos cumprimentaram e nos deram santinhos. Então eu disse ao pastor. Um homem alinhado ,de terno bem engomado e um olhar bondoso.
-Eu sou Zé Goiaba, num sou daqui. E esse é o Nho Barbino o secretáro do prefeito.
_Do Judas?Aquele traidor!Disse o pastor quase com raiva.
_Já isso num sei, em política e religião num meto a mão. Mais que mau lhe pergunte, o senhor anda muito por essas bandas?
_É claro tenho de levar a palavra por todos os cantos de imenso país. Essa é a vida do evangelizador. Disse ele com uma voz suave e doce.
_É que eu acabei me perdendo, o senhor sabe caminho que leva a fazenda boi bão.
_Não meu filho, desconheço. Mais já que esta perdido porque não vem conosco a congregação.
Lá ensinaremos os caminhos que levam a casa do senhor.
(O Senhor foi compadre?) perguntou um dos ouvintes.
-EU NÃO! Nho barbino foi. Eu não.
Pois se ele não sabia o caminho que levava a fazenda boi bão, como saberia o caminho pra minha casa.