O CAIPIRA E O COMANDANTE

Atualmente a corporação militar merece todo o respeito, porque é composta de gente escolhida criteriosamente inclusive concursada. São Verdadeiros heróis empenhados no combate a violência.

Houve um tempo no passado em que não adotava critérios na escolha, e elementos da pior espécie, não encontrando trabalho, por serem maus apadrinhados por políticos ingressavam na corporação militar. “Assentavam praça no linguajar da época.”

Um comandante já não agüentava mais o caipira recruta que há poucos meses havia assentado praça. Caboclinho desembaraçado e prestativo tinha um faro aguçado e tudo que ocorria na corporação La estava ele palpitando e apresentando solução. E o mais incrível é que as sugestões apontadas por ele embora de aparência absurda fossem acatadas e sempre eram as que sanavam os problemas.

Não tardou ele revolucionou o ambiente inteiro com sua mania de perfeccionismo, envolvendo seus colegas em apostas instigados por sua teimosia. Um fato gravíssimo que envolveu toda aquela corporação. As apostas correndo soltas naquela agremiação militar, e o recrutinha ganhando todas. De soldado raso até a mais alta patente apostava com o filho da mãe, e ele não perdia uma.

Em pouco tempo o contingente inteiro estavam nas mãos do sortudo preso a ele por dividas contraídas nas apostas.

Sem opção o comandante queixou para um amigo que comandava um batalhão numa cidade vizinha. Cuja corporação era formada pelos piores elementos que se possa imaginar.

- Vamos providenciar sua transferência para minha corporação sugeriu o amigo. Muito rigoroso o comandante punia a todos com mão de ferro, não admitia nenhuma contravenção, aos seus subordinados. Fora indicado para o posto justamente pelo fato de ser enérgico e machão.

Ficando acordado entre ambos a transferência do recruta para o batalhão do amigo que iria submetê-lo as punições.

Apresentando-se ao gabinete do chefe o soldadinho ouviu a seguinte ordem: - olha estou te encaminhado para meu colega, e de antimão sinto-me na obrigação de avisá-lo, não se atreva a desafiá-lo do contrário sofrerá pinicões severas, meu colega tem mão de ferro e coração de aço-, não tente afrontá-lo poderá ser punido até com a morte, - contravenção nem pensar ouviu bem?!

-Tudo bem senhor, mas sou capaz de enfiar o dedo anular no botão do seu amigo e ainda deixá-lo feliz!

-Impossível será um homem morto se afrontá-lo desta forma! Quer apostar senhor? Que tal dois milhões?!

A oferta mexeu com o comandante, o recruta estava nadando em dinheiro engordara seu caixa levando os colegas à miséria.

Imaginando se livrar de vez do miserável, fechou com ele a aposta, e colocaram o dinheiro aos cuidados de um tenente, com a certeza do comandante embolsar o valor. Considerando como um homem morto o recrutinha.

No dia seguinte ele seguiu viajem apresentando–se ao novo comandante. Sua primeira abordagem foi dizer a ele-, é lamentável como pode um senhor tão jovem com a vida toda pela frente e com uma moléstia tão grave? –Eu? Donde tirastes tamanha besteira? – Só de olhar teu rosto nota-se! Perdão senhor, mas vejo que tens um grave tumor no intestino, está a cinco centímetros acima do reto! – Eu... Como atreves estás blefando! – Aposto senhor!

Após uma troca de farpas e insultos entre ambos e com severas ameaças do comandante, ele o convenceu. Dizendo confiar no chefe, passou-lhe um cheque de um milhão sem nenhuma garantia da sua parte.

- Vamos ao médico afirmou o comandante. - Senhor com todo respeito, veja bem, ninguém além de nós precisa saber, mas deve ser eu a examiná-lo, prometo-lhe que ficará entre nós!

–Embora se sentindo afrontado em seus brios, imaginou, por um milhão-, desconsidero minha moral e topo! Entraram no banheiro e ele deu o toque necessário não encontrando nada, disse-, parabéns senhor realmente ganhou!

Feliz com o seu milhão, ele pegou o telefone e ligou para o amigo. - Acabei de ganhar uma aposta do seu soldadinho!Dizem que nunca perde! -Como assim? Deixei que examinasse meu reto onde ele afirmava ter um tumor! -Como tivesse essa coragem? Ah meu amigo pra ganhar um milhão!

– Só que me fizesse perder dois milhões! Foi o que apostamos aqui!

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 27/09/2010
Reeditado em 27/09/2010
Código do texto: T2523089
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