O mascate



O pequizeiro é uma árvore frutífera encontrada nas regiões do Cerrado Brasileiro, principalmente, em Minas Gerais e Bahia. Seu fruto é parecido com um marmelo, meio deformado. Desse fruto extrai-se um óleo aromático que serve para molhos e temperos. Pode-se também comer a polpa, com muito cuidado, pois o fruto tem no seu interior centenas de espinhos invertidos. Em Minas, é comum cozinhar o fruto com arroz, a fim de dar-lhe melhor sabor e ao mesmo tempo usar a polpa, mordendo a superfície do caroço, mas com muito cuidado...
Mamed, era um mascate que sempre viajava por aquela região para vender seus produtos, como: tecidos, jóias, coisas de sua terra. Até aquele dia, Mamed não tinha tido oportunidade de conhecer o Pequi, até que certo dia, no seu almoço, na Pensão de D. Zeni, o comerciante foi presenteado com alguns frutos cozidos. Muito curioso, Mamed perguntou:
- Que fruto bonito, amarelinho, ser este?
- Este é o Pequi, Mamed, nunca comeu? Disse
D. Zeni
- Non, non, Mamed nunca comeu Pequi.
- Então prove, o senhor vai gostar. – insistiu
D. Zeni.
Meio desconfiado, o mascate pegou um daqueles caroços e começou a morder e gostou... Gostou tanto, que quanto mais mordia, mais dava vontade.
O que D. Zeni esqueceu, foi de dizer ao Mamed que o fruto não podia ser mordido com força, mas, apenas, raspado com os dentes... de leve. Mas, o comerciante continuou a morder; se o caroço é bom, a castanha deve ser ainda mais gostosa – assim pensava. Naquele embalo, aconteceu o pior. Aquele monte de espinhos pontiagudos, de quase um centímetro, afundou na língua do Mamed. O mascate, só não chorou, porque ficou com vergonha.
Para arrancar tantos espinhos, foi preciso usar uma pinça. A língua e os lábios do turco, ficaram inchados e o resto da semana foi na base do mingau.
Passaram-se os dias. Mamed sarou e continuou a sua jornada pelos vilarejos de Minas, vendendo suas mercadorias. Viajava sempre com um ajudante, que guiava seus burros carregados.
Certo dia, quando Mamed andava por uma daquelas estradas do Serrado, viu ao longe umas árvores carregadas de frutos. Ele e seu ajudante aproximaram-se mais daquelas árvores.
Curioso, Mamed indagou de seu ajudante:
- José Maria, que ser este árvore cheio de
frutinhos tão bonitinhos?
O ajudante olhou para seu patrão e disse-lhe:
- Ora seu Mamed, o Sr. não sabe?
- Non, non amigo. Mamed não conhecer este
árvore.
- Bem patrão – disse o ajudante – esta árvore é aquela que dá o fruto do pequi. Aquele que o Sr. comeu lá na pensão da D. Zeni. Lembra-se? O nome dela é pequizeiro. Finalizou o ajudante.
O mascate, relembrou num instante tudo o que havia acontecido na pensão. Sem dizer uma palavra, foi até seus burros, tirou de dentro dos alforjes um revolver calibre 38 “Smitth& Werson”, Aproximou-se da árvore e descarregou todas as balas e toda sua ira na copa do pequizeiro.
- Maldito pequi, nunca mais Mamed quer comer do seu frutinho. Estou vingado, exclamou. Dito isto, pegou os seus burros e continuou a sua jornada.





 
ateleszimerer
Enviado por ateleszimerer em 25/09/2010
Reeditado em 09/08/2013
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