Pelas calçadas da rua, transeuntes passavam. Pequenina lá estava ela, nua. Será?... Sem rumo pensaram? Sim despida, presa a uma solidão, doída do sofrido abandono, sem nenhuma gratidão, talvez de um possível dono do passado.
Andava a pequenina, de lá para cá, acolá!... Ela de uma raça canina indefinida, vagava no desespero sem rumo, numa direção incerta.
Estava mudando as intempéries do tempo ou de estação de um inverno para o início da primavera. Fazia naqueles dias um gelado frio.
Ela infeliz sem acomodação.
Batia tristemente faminta de porta em porta, magrinha, molhadinha da neblina e orvalho de um gélido inverno.
De repente, calmamente, ela num portão estacionou. Os seus olhos lacrimejavam, desesperada, tremendo... tremendo...
Alguém, sem ninguém, sem vacilar o ensejo do amor, acalanta nos seu braços e para dentro a pequenina abandonada recolheu.
Os seus primeiros olhares, disfarçados suplicavam: - Fiquem comigo! - Não tenho abrigo! - Eu estou abandonada!
Um bom banho, regado com água de cheiro e escovada foi a sua pelagem. Até mesmo um cobertor quentinho ela ganhou. Pratos cheios de alimentos, ela recebeu a partir de então. Medicamentos foram-lhe aplicados e protegida também foi por vacinações. O pior contágio dela veio do diagnóstico abandono de um incruel humano.
- De onde ela veio? Todos indignados aclamavam desejosos por saber. - Por que tamanha ingratidão às sarjetas um ser vivo jogar?
Percebia que era dotada de meiguice, bondade, docilidade, mansidade, submissa... quase considerada um bebê, mas já velhinha. Retrocedeu a sua vida sofrida por sequelas doentias, porém combatida pelo amparo dos seus novos donos. Passou a residir numa rica, mas humilde mansão humana. Não estava mais às soltas pelas ruas e calçadas.
Alegria, felicidade, da brandura dos seus encantos transformou-a numa ADOTADA, figurativamente verdadeiros novos e bondosos pais.
LELITA, ricamente recebeu esse novo nome. Com certeza já havia adquirido outro! Infelizmente irracionais não falam, não sabem pedir e táo menos cobrar... apenas sofrem. Quem sabe antes poderia ser a de nome PAQUITA? Disso nada importaram...
LELITA teve outros muitos apelidos carinhosos: LELA, LEZITA, LÉRINHA (de amarelinha). Veio outro bem mais especial: LITA, dado por um bondoso ancião, ele considerado como o seu avô humano que a adorava muito! Com apelidos ou não, LELITA assim permaneceu. Fartura de amor ela obteve ao longo de muitos anos na condição de adotada, sem o convívio de uma antiga e submissa dor.
LELITA, a ADOTADA encantou os cantos, outrora jogada e desprezada por outros cantos, agora mimosa como uma flor, bricalhona, correspondendo aos carinhos dos novos pais humanos num feliz convívio de um palecete de amor.
A bela e encantadora cachorrinha amarelinha morreu bem velhinha, cuidada com esmero afeto e carinho, calejada pelos anos de vida, reumática, pelagem branquinha, ceguinha... após um séria cirurgia de mama. Deixou a tristeza pairada nas lágrimas sofridas dos seus donos.
As suas fotos pelas paredes do lar se espalham, ainda no hoje, numa recordação inesquecível e viva para todo sempre.
LELITA repousa os seus restos mortais debaixo de uma frondosa árvore, numa pastgem linda de um sítio isolado da área rural. Sem nenhuma explicação ou respostas dos "porquês", sem nenhum mistério, do lado da sua cova nasceu um viçoso pé de figo que dá constantes e saborosos frutos.
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O AUTOR DEIXA ESSE CONTO EM HOMENAGEM A TODOS OS SERES HUMANOS QUE AMAM, CUIDAM, ASSISTEM E PRESERVAM O REINO ANIMAL.
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Fonte:
PASSARELA DE CONTOS
Autor do Texto e Imagem:Prof.Roangas-Rodolfo Abtonio de Gaspari
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