O MENINO E OS OVOS AZUIS
Zequinha era um garoto como os demais do bairro, vivia com seus pais em uma casinha modesta, coberta de sapé e barroteada, porem apesar da pobreza, o que não era de se estranhar naqueles ermo de Deus onde o Judas perdeu as botas, Zequinha tinha ambições.
O menino sonhava um dia ter suas terras, onde pudesse engordar os seus capados, ter suas vaquinhas de leite, uma charrete de roda de pneu, sua tralhas de trabalho, enfim se mirava naquilo que via no dono do sitio onde seu pai tocava terras a meia, modalidade muito comum no campo naqueles tempos.
Zequinha fez anos, uma data pouco comemorada pelo sertanejo mas vai daí que ele ganhou de presente de seu padrinho de batismo, um outro sitiante do bairro, uma bela franga carijó. O pai logo propôs uma macarronada para comemorar a festa, sugeriu até compara umas garrafas de guaraná para, numa raridade naquele mundão de meu Deus, comemorar o aniversário de Zequinha, mas qual o que, o menino botou a boca no trombone, abriu um berreiro dizendo que a galinha era dele e que ninguém iria passar ele pro papo pois alem de ser o presente do padrinho, representava também o seu começo de vida, assim, diante de tal argumento o negocio foi esquecer da macarronada e a franga foi ficando lá pelo terreiro, juntamente com as demais e era conhecida como a Galinha do Zequinha.
Um dia Zequinha, viu a franga sair cantando de uma moita, características das galinha caipira quando põem seus ovos, correu pra lá e deparou com uma ninhada de ovos azuis, ficou maravilhado pois alem da beleza dos ovos, viu ali o começo da realização de seus sonhos e começou, com sua mente de criança, a planejar seus negócios, surgindo porem uma duvida, se deixasse a galinha chocar, poderia vender os frangos e fazer obter um lucro maior, mas isso demoraria demais, decidiu então por uma renda menor mas que já poderia usufruir e optou então pela venda dos ovos, assim com certeza em pouco tempo poderia comprar os pintainhos que vira na cidade, conhecidos como frango de granja que com menor tempo se tornariam frangos, poderia vende-los, etc. e tal.
Assim certa tarde de sábado, de posse dos ovos, colocou-os numa cesta de taquara, vasilhame comum na roça e foi pra cidade com o firme propósito de vende-los e caminho afora foi tecendo planos de como iria reverter e aplicar seu rico dinheirinho e assim foi entretido com os pensamentos no mundo da lua até que, ao passar por uma baixada, havia chovido muito na noite anterior e a estrada estava escorregadia, o menino escorregou, perdeu o equilíbrio do corpo e na tentativa de se manter em pé, fez com que os ovos caíssem todos do cesto, não sobrando um sequer.
Sem graça, o rapaz retornou para casa, sem os ovos e sem o dinheiro que supostamente ganharia e agora o negocio era esperar nova postura da galinha carijó.