Tire as Esporas "Seu" Zé
No inicio da década de sessenta, ganhei uma concorrência do DNER para a construção de duas pontezinhas na BR 101 – Sul, trecho Junqueiro x Porto Real de Colégio – AL. Para a construção das obras fixei acampamento num povoado chamado Cana Brava, como ali não tinha onde eu fizesse as minhas refeições, diariamente me deslocava até a cidade Junqueiro, há uns 30 kms do nosso acampamento.
Certo dia alguém me informou que no entroncamento das estradas que vinham de Maceió e Arapiraca em direção a Penedo, havia um restaurante de propriedade de uma negra baiana que servia uma boa refeição, com um atenuante, o restaurante ficava a menos de 6 kms do nosso acampamento. No dia seguinte fui até lá, o restaurante era um “Mosqueiro” de beira de estrada típico dos anos 60, era um prédio térreo rodeado de alpendres, com vários quartos de ambos os lados. A proprietária era uma preta de meia idade, muita simpática e com uma dentadura linda de afazer inveja a teclado de piano. Realmente a comida era muita boa, só com um agravante, era peru todos os dias, durante os seis meses que freqüentei a casa, só dava peru.
Um belo dia, na hora do almoço fui apanhar o Jeep para ir ao restaurante, passei o dedo na chave para dar partida e nada, o motor não dava partida, fiz várias tentativas e nada, chamei vários operários da obra para empurra-lo, mas o Jeep teimava em não funcionar, finalmente a bateria arriou e resolvi deixa-lo de lado. Era quase meio dia e a fome era de matar, entre as pessoas que empurravam o carro estava “Seu” Antonio, proprietário de um sitio localizado em frente ao nosso acampamento, meio sem jeito ele se aproxima de mim, e. . .
- Doutor se o senhor não fizer questão eu lhe
empresto uma "Catenga" parqa o senhor ir almoçar!
- O que é “Catenga” ? Perguntei
Todo envergonhado sob o riso malicioso dos vizinhos, ele respondeu:
- É uma “Besta” homem, mais de carga !
De inicio relutei em enfrentar os 6 kms no lombo de uma besta, mas a fome falava mais alto, então aceitei a oferta. Em menos de dez minutos um dos filhos do Antonio chega trazendo a besta, numa das mãos o garoto trazia uma velho par de esporas com as rosetas bastantes gastas, coloquei as esporas, e saltei sobre a sela, e lá fomos nós, como a besta era de carga, andava lenta, por mais que catucasse o seu vazio com as esporas, o máximo que ela fazia era dar um trote de uns 20 metros, que me fazia pular sobre a sela machucando a minha “ferramenta”, ao cabo de meia hora de luta, finalmente chegamos ao restaurante, amarrei o animal a sombra de uma jaqueira e me dirigi para ao alpendre para lavar o rosto, em seguida fui para uma das mesas do aaalpendre onde pedi uma cerveja para me refrescar enquanto aguardava o almoço.
Enquanto tomava a cerveja, vi nos fundos do alpendre uma mulata novinha, de uns 19 anos, toda vez que ela saia de um quarto para entrar no outro, olhava em minha direção e sorria, com aquele jeitinho malicioso e safado de mulher nova quando quer dá, aquilo foi me deixando curioso, de repente . . . "a carne reinou”, me levantei, olhei para os lados, como não vi ninguém, fui em direção onde se encontrava a mulata, pelo cheirinho de sabão de coco que ela exalava, tudo indicava que havia tomado banho minutos antes, pego a garota pelos ombros e empurro-a quarto a dentro, caindo os dois agarrados sobre uma velha cama “patente”. A moreninha espantou-se com a minha reação, com os olhos arregalados e ainda com a vassoura na mão, gritou:
- “Seu” Zé, pelo menos tire as esporas, homé . . .