DOIS CEGOS BRIGANDO
Tem pessoa que não respeitam ninguém, nem mesmo os pobres coitados portadores de necessidades especiais.
Às vezes é um elemento inteligente, mas usa sua inteligência mais para prejudicar o próximo do que para ajudá-lo. Faz humor com a desgraça alheia sem nenhum escrúpulo na maior cara de pau
Tive um conterrâneo, amigo e colega de infância, em matéria de humor era dez, se chamava Manoel,era conhecido com Manoel Preto atualmente é falecido. Tinha um repertório fora de serie, poderia ter feito uma carreira de humor brilhante, caso a vida houvesse o premiado com uma oportunidade. Usava seu dom para tirar sarro dos pobres coitados indefesos sem medir as conseqüências causadas.
Era muito comum nas festas mais expressivas de nossa comunidade aparecer por aqui variado tipo de pessoas atraídas pelo movimento festivo afim faturar seus trocados. Certa ocasião numa festa, dois cegos que aparentavam serem amigos por andarem sempre juntos, veio se esmolar aqui aproveitando a movimentação festiva do evento. Sentados lado a lado na praça com seus chapéus de boca pra cima faturavam com tranqüilidade seus trocados enquanto conversavam amigavelmente.
Manoel a distancia comentou com um grupo de amigos; vou armar uma briga entre aqueles dois cegos! – O que isso rapaz deixa os homens em paz!
- Nada-, só uma brincadeira quer ver? - Passou perto e disse: - uma nota de duzentos cruzeiros cem pra cada um! Fique com ela dê metade ao colega! – Mas não deu nota coisa nenhuma. Decorreram poucos minutos os ânimos esquentaram com cada um cobrando sua parte do outro. Começaram discretamente em voz baixa, pouco tempo após, as bengalas comeram os dois se debatendo igual brincadeira de cabra cega. Palavrões de baixo calão ecoaram chamando atenção, atraindo dezenas de pessoas uma confusão dos diabos! Um dos colegas disse:- e agora Manoel? Você arrumou a encrenca aparte os dois! –Isso é a coisa mais fácil quer ver? Opa!...De faca não! Gritou ele-, caiu um cego cada lado, encerrando a briga. Chamaram o Ziu um cabo chefe do destacamento local, um excelente militar que atuou muitos anos mantendo a ordem em nossa comunidade, e que obrigou o Manoel a se desculpar com os dois. E pagar cinqüenta cruzeiros a cada um por danos morais.