O CASTIGO A CAVALO

A vendinha do bairro era o ponto de referencia para encontro de todos os moradores daquela vasta extensão de terra, nas bibocas do fim de mundo, denominado pelos moradores da capital como sendo o sertão, habitados por matutos e caipiras, camponeses que davam um duro danado na roça todos os dia da semana, mas o final de semana era sagrado e para a vendinha que se dirigiam velhos, jovens e crianças, principalmente aos Domingos de mês, quando tinha reza na capela do bairro e geralmente a tarde, havia jogo no campo de futebol localizado em frente a vendinha. Nesses dias os rapazes se punham a deambular de um lado para o outro, em busca de um namorada ou, e quem sabe, até uma futura esposa e da mesma forma, as moças também vagavam num vai e vem incessante, sempre de olho em alguém muito especial.

Numa bonita tarde de domingo a venda estava movimentada pois recebera o time de outro bairro para um jogo de futebol, o rapaz se defrontou com a bela menina, que havia conhecido quanto visitara o campo adversário, foi o primeiro de muitos outro encontros, o tempo foi passando, o romance se tornou sério porem os encontros aconteciam meio as escondidas até o pai da moça, um sertanejo rústico e sistemático descobrir e ai se tornou publico e notório, se realmente quisesse continuar o namoro era preciso tomar um atitude, como se diziam os caboclos: chegar no bigode do sogro pedir a mão da moça em namoro.

O rapaz desatinado de tudo, pois era assim que tudo funcionava aqui no sertão, acabou marcando a tal visita na casa do velho e no domingo aprazado, levantou bem cedo, arriou o seu belo cavalo, olhou para o céu, o tempo estava mudado, prometia chuva mas com certeza somente no período da tarde, assim com medo de falhar e causar uma má impressão apesar do tempo revoltado para chuva atinou na viagem que duraria umas duas horas a cavalo até a casa da namorada e com certeza, nesse curto espaço de tempo ela não cairia. Após cavalgar por mais ou menos uma hora, já distante de casa, grossas e escuras nuvens começaram a se formar no céu e o tempo fechou repentinamente. A chuva já podia ser vista nos montes a sua frente. Como o lugar era ermo e até então desconhecido do rapaz, pois pela primeira vez se aventurara sozinho por aquelas bandas, o jeito foi prosseguir na cavalgada.

Como já estava a cavalgar mais de uma hora, o rapaz sentiu a bexiga cheia, mas com a chuva prestes a cair abundantemente, o matuto ficou com preguiça de apear do animal para desaguar e decidiu por urinar na montaria pois o toró de água que estava vindo com certeza lavaria tudo e não deixaria qualquer vestígio de sua conduta preguiçosa e anti higiênica alem do que ao chegar na casa da namorada, com certeza providenciariam uma outra troca de roupa e assim o rapaz fez com a desculpa de ganhar tempo e continuou a cavalgar normalmente, as nuvens que prometiam muita água foi aos poucos dissipando, o rapaz ficou abismado com o que via, chovia a sua direita e a sua esquerda, porem sua frente a chuva havia abrandado e a claridade do sol já era visível. Cabeça baixa, inconformado com o que fizera, o negocio foi rodopiar o cavalo no meio da estrada e sem pestanejar, voltar para casa e deixar a visita para outro dia, ainda bem que tinha a desculpa do mal tempo.

Maciel de Lima
Enviado por Maciel de Lima em 14/08/2010
Código do texto: T2438240
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