Casa de Pobre (Humor Lascado e Devedor)
O pai de família chega em casa, (feliz, por que pobre tem uma felicidade contente de não se sabe o quê, nem por quê.):
- Querida, cheguei! (E não poderia deixar de notar, visto o barulho enorme que sempre faz ao destrancar a porta, batendo três vezes na maçaneta para que destrave ao passo que sempre pensa: um dia arrumo isso; porém esse dia nunca chega. – e ela também não poderia deixar de notar sua entrada por que os aposentos são muito, muito pequenos, além do que, alugados.)
- Tô vendo. (vide explicação entre parênteses anteriores)
- Adivinha de onde venho? (Do inferno, seu babaca. – Foi o que ela teria pensado ou que eu pensaria que ela queria ter dito. Por que as pessoas insistem com essas idéias bizarras de acreditar que os outros vão adivinhar onde a gente esteve? Será falta de senso do ridículo ou pura pirraça de quem ainda não amadureceu?)
- Fala logo, homem. (Aqui ela foi original e pouco ligou para o beijinho que lhe deu e pela bulida que recebeu por trás enquanto mexia nas panelas esquentando um arroz com farofa no fogão para o jantar.)
- Comprei uma casa pra gente.
Agora ela pirou. Só que ela pensou que foi ele. O orçamento familiar, se é que se pode chamar assim, não daria para tanto, aliás, praticamente não dava para nada.
- Com que dinheiro, homem?
- É baratinho, é um programa do governo.
Logo ele a fez baixar o fogo, por que o dele estava aceso e seria impossível, jogou na pequena mesa da sala panfletos, trouxe um contrato para que ela assinasse, mas sendo mulher e, divinamente precavida desde aquela história de morder a maçã, colocou razão à vazão das emoções.
- Tu tá besta? Não dá, homem. Vamos viver no aperto... (Se é que já não viviam.)
- Mas para nos dois dá. E olha que vou fazer hora-extra pra ajudar.
- Vai fazer hora-extra durante 35 anos? – A primeira ficha caiu.
- Também posso ir fazendo uns bicos...
- E se um de nós perder o emprego?
- Vamos ser otimistas, lindinha...
- De otimismo anda cheio o Serasa e o SPC e, Eriberto... – Enquanto ela tentava chamá-lo à razão, ele falava e fazia planos para a casa nova:
- Eriberto, além de ser mais longe, o que vai exigir mais gastos com locomoção...
- Vou comprar uma bicicleta e economizar na condução.
- E vai comprar a bicicleta como?
- A prestação é leve, não vai pesar... (Admiro essa capacidade inata de certas pessoas em fazer financiamentos a perder de vista somente calculando se as prestações cabem no orçamento, isto é, quando calculam algo...)
- Eriberto, eu tô grávida!
Ele ficou gelado e, finalmente, calou a boca. Ficou parado, pensativo, estanque no tempo sem qualquer reação. Ela se levantou, foi até a cozinha e de lá mesmo decretou:
- Quando passar a bobeira, vem jantar... (Admiro muito essa capacidade das mulheres de nos calar com o bom senso.)
O pai de família chega em casa, (feliz, por que pobre tem uma felicidade contente de não se sabe o quê, nem por quê.):
- Querida, cheguei! (E não poderia deixar de notar, visto o barulho enorme que sempre faz ao destrancar a porta, batendo três vezes na maçaneta para que destrave ao passo que sempre pensa: um dia arrumo isso; porém esse dia nunca chega. – e ela também não poderia deixar de notar sua entrada por que os aposentos são muito, muito pequenos, além do que, alugados.)
- Tô vendo. (vide explicação entre parênteses anteriores)
- Adivinha de onde venho? (Do inferno, seu babaca. – Foi o que ela teria pensado ou que eu pensaria que ela queria ter dito. Por que as pessoas insistem com essas idéias bizarras de acreditar que os outros vão adivinhar onde a gente esteve? Será falta de senso do ridículo ou pura pirraça de quem ainda não amadureceu?)
- Fala logo, homem. (Aqui ela foi original e pouco ligou para o beijinho que lhe deu e pela bulida que recebeu por trás enquanto mexia nas panelas esquentando um arroz com farofa no fogão para o jantar.)
- Comprei uma casa pra gente.
Agora ela pirou. Só que ela pensou que foi ele. O orçamento familiar, se é que se pode chamar assim, não daria para tanto, aliás, praticamente não dava para nada.
- Com que dinheiro, homem?
- É baratinho, é um programa do governo.
Logo ele a fez baixar o fogo, por que o dele estava aceso e seria impossível, jogou na pequena mesa da sala panfletos, trouxe um contrato para que ela assinasse, mas sendo mulher e, divinamente precavida desde aquela história de morder a maçã, colocou razão à vazão das emoções.
- Tu tá besta? Não dá, homem. Vamos viver no aperto... (Se é que já não viviam.)
- Mas para nos dois dá. E olha que vou fazer hora-extra pra ajudar.
- Vai fazer hora-extra durante 35 anos? – A primeira ficha caiu.
- Também posso ir fazendo uns bicos...
- E se um de nós perder o emprego?
- Vamos ser otimistas, lindinha...
- De otimismo anda cheio o Serasa e o SPC e, Eriberto... – Enquanto ela tentava chamá-lo à razão, ele falava e fazia planos para a casa nova:
- Eriberto, além de ser mais longe, o que vai exigir mais gastos com locomoção...
- Vou comprar uma bicicleta e economizar na condução.
- E vai comprar a bicicleta como?
- A prestação é leve, não vai pesar... (Admiro essa capacidade inata de certas pessoas em fazer financiamentos a perder de vista somente calculando se as prestações cabem no orçamento, isto é, quando calculam algo...)
- Eriberto, eu tô grávida!
Ele ficou gelado e, finalmente, calou a boca. Ficou parado, pensativo, estanque no tempo sem qualquer reação. Ela se levantou, foi até a cozinha e de lá mesmo decretou:
- Quando passar a bobeira, vem jantar... (Admiro muito essa capacidade das mulheres de nos calar com o bom senso.)