O BÊBADO E O SAPO

Nunca aprovei injustiças, principalmente cometidas aos alvos mais frágeis, que são crianças e velhos.

Certa ocasião presenciei a um espetáculo de um sobrinho molestando o tio com um sapo. O pobre homem estava tão bêbado que não conseguia ficar de pé. Ele rolava de pavor com o moleque gritando – segura tio que lá vai o bicho! Em poucos minutos um grupo de expectadores gritavam aplaudindo a sena. Revoltado eu quis interferir. Fui barrado por um conhecido de meia idade, que me puxou pelo braço dizendo:- não se meta nisso, você é jovem e não conhece a peça! – Mas isso é uma grande injustiça! – Que nada é muito pouco ele está recebendo o que plantou!

Tentei argumentar, quando ele começou a narrar às maldades praticadas pelo bêbado. – Vou te contar apenas duas do que ele praticou com o próprio pai.

Certo dia o pai saiu para efetuar algumas compras de gêneros de primeira necessidade para suprir a despensa da casa. Montando sua égua cuja cria deixara presa no curral. Um potrinho de seis meses. Como a viagem era um pouco demorada da fazenda até aqui no povoado, o potrinho relinchava interruptamente pela mãe, ele, esse bebum ai, cortou um monte de palha de bananeiras secas e amarrando-as bem amarradas, envolveu o animal. Quando seu pai retornou já era noite, a quase meio quilometro a égua já respondia os apelos da cria irrequieta no curral. Quando estava bem próximo ele abriu a porteira e o potrinho que mais parecia o bicho florada saiu relinchando louco pra mamar. A primeira reação da égua foi empinar jogando o pobre velho no chão e disparando cerrado adentro com o potrinho na sua cola. No dia seguinte acharam apenas as argolas dos arreios e nada mais.

Noutra ocasião ele colocou uma capa de selim de bicicleta na cabeça vestiu um capote muito usado pelos militares, e montando a cavalo, foi até a casa do pai dando-lhe voz de prisão. O pobre velho muito assustado saiu a pé à sua frente, era noite de luar, mas com um denso nevoeiro e uma garoa fina que caía, fatores que somados a pouca visão do pobre velho, contribuiu para que não reconhecesse o próprio filho. O destino seria delegacia de Martinho Campos, cidade em que arrolava um a pendência jurídica entre ele e uma vizinha, por questões de divisa da fazenda. Como o filho tinha certa queda pela vizinha que segundo as más léguas costumava fazer algum milagres aos seus fãs; após terem caminhado cerca de meia légua, ele propôs: Vamos fazer um acordo, como estou com pena de levá-lo a esta hora da noite, se prometer deixar sua confrontante colocar a cerca onde ela deseja, vou liberar você, e passamos uma borracha nessa pendência! O velho topou na hora voltando pra casa. E assim foi feito,cumprindo o desejo do conquistador de viuva alheia!

“Aqui se fás aqui mesmo se paga imaginei!”

Geraldinho do Engenho
Enviado por Geraldinho do Engenho em 03/08/2010
Reeditado em 03/08/2010
Código do texto: T2416105
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