O VENDEDOR DE PEPINOS
No bairro apareceu um estranho homem, tez branca avermelhada, uns diziam que era alemão, outros polaco, verdade era que por ser descendente de europeu, trazia no sangue os costumes que aprendera com seus pais e avós, não era de fazer visitas, era de pouca conversa, era sim, sim e não, não e lá ia o homem despachando alguma visita que por acaso eram feitas por pessoas que desconheciam seus modos e costumes.
Perto de sua propriedade havia uma colônia de trabalhadores numa fazenda que fabricava aguardente, um alambique que produzia em escala industrial. Os moradores sabendo que este homem havia plantado uma roça de pepinos e estava vendendo seu produto a um bom preço resolveram ir comprar o produto direto do produtor, porem uma duvida atinou os colonos: qual seria a reação do alemão?
Seu Nino, um dos moradores mais antigos da dita cuja colônia se candidatou a tal experiência, assim num sábado, logo apos o trabalho da fazenda que tradicionalmente ia até por volta do meio dia, foi negociar com o dito cujo alemão. Contou-nos o colono que neste dia o sol estava de rachar mamona, era por voltas das treze horas, e ao chegar foi muito bem recebido pelo temível homem, e sabendo de seus costume foi direto ao assunto pedindo três quilos de pepino.
Gentilmente, o que não era do seu feitio, o alemão convidou seu Nino para ir até o pepinal, num terreno muito bem preparado onde a planta cresceu viçosa que dava gosto de ver. Chagando na entrada do roçado, Seu Nino ficou aguardando enquanto o homem colhia os pepinos, cada um mais viçoso do que o outro. Finalmente veio para a balança, infelizmente faltavam algumas gramas para completar o pedido, o homem saiu pelo pepinal novamente a procura de um pepino que completasse o peso, colhe um pepino calculando que este seria o suficiente, mas o danado do homem calculou mal, passou algumas gramas, jogou fora aquele pepino e saiu em busca de outro, que desta vez faltou para completar os três quilos e assim foi, aproximadamente uns vinte pepinos foram jogados fora até achar um que fizesse com que o fiel da balança marcasse corretamente três quilos.
Seu nino ficou encafifado com a conduta do produtor, este porem, ao encontrar o pepino exato para completar o peso, sorriu amarelo e disse:
________ Três quilos são três quilos.
Bela interpretação, pensou seu Nino e foi embora levando os três quilos de pepino que viera comprar mas inconformado com a conduta do vendedor. O tempo passou e se ele quis continuar seu negocio, foi preciso que a patroa, uma descendente portuguesa que embora de origem européia era mais condescendente e assumiu o comercio na cidade, pois o esposo não tinha o menor tino para o comercio.