A Ema E O Bêbado
Bem que aquela árvore, que de costume,
Pousava seu enorme corpo, todo ranço,
Já estava deixando-lhe meio intrigado,
Pois quando no ápice do sono embaçado,
Percebia agitada... ademais adoidada,
Atrapalhando o seu decantado descanso.
Como nada dizia no cair na madrugada,
Sorria que até soava o seu ronco manso.
E nas manhãs, então, despertado,
Pressentia um silêncio safado...
Animada... bela... acomodada,
Para não restar qualquer suspeita!
Encabulada... sem dever nada,
Invisível, sem mover na linha,
Na espreita por um outro dia,
Valer-se da, então, eficácia receita.
Grande dúvida... sem razão!?...
Acercando... pouco a pouco.
Decidido quase numa fração:
Tava doido... ficando louco.
Que perdesse a sombra, antes,
Não tomaria daquilo, um bicho.
E quem era o mais importante?
Por isso vinha a todo instante,
Depois do seu labutado serviço.
E ambos, parecia, prescreviam um retorno,
Delimitando, ao redor, novo encontro,
Vezes muitas, antes de sumirem de vistas.
Ele para um lado... ela para um outro.
Assim os dias iam passando,
A intriga de vez, aumentando.
Mas nada aparecia, delatando,
Da sombra, de porte, andando.
E a árvore aparecia de fato, no gosto!
Porque quando via de longe, seu rosto,
Matreira... suave... calada... sentava,
Ao tê-lo no sono... de novo... aposto.
Mas como nada permanece eterno;
Só existe Esperança a quem afaga;
É pra nós verão, também inverno,
Comprou?... que se faça a paga!...
Tanto quis, que num determinado dia,
Quando, quase são se encontrava...
No mesmo motivo, na mesma alegria,
Por não esquecido, clamou lembrança!
E sonhador, pôs-se qual uma criança,
Ponderando sobre seu conflitante tema!
Deitado, bem ali... sempre à sombra,
Teve certeza, então, que ela se movia,
E, por entre o susto, entre a euforia,
Elucidou, por findo... seu grande dia!
Descansava, era sempre... quem diria!*
À sombra da grande ave... uma Ema!*
* Que ironia.
* Montado na Ema-Bebedeira.