FALTA DE PACIÊNCIA
Era uma tarde calorenta, daquelas propícias para a pesca, o homem veio la da cidade, andou mais de trinta quilômetros e estava a pescar na barranca do rio quando um caboclinho ribeirinho se aproximou tímido como que, mas cumprimentou o pescador com muita humildade.
_______ Tardi moço
O pescador retribuiu o cumprimento mas ficou concentrado na sua tarefa, observando a vara atentamente e quase imóvel, ali sentado na barranca do rio, no desejo louco de fisgar quiçá um pintado ou um douradinho, visto que na cidade corria boatos de que o momento estava propicio para pesca e que já haviam conseguido bons resultados nesta temporada.
O caboclinho humilde se aproximou da beira do rio, se agachou, ficando de coque e observando a labuta do pescador, joga o anzol, tira o anzol, verifica a isca, joga o anzol novamente, procurando lançá-lo ao longe, onde a corredeira do rio é mais forte e sempre na esperança de que algum peixe desavisado e faminto aceite a isca.
Nesta posição o ribeirinho fica aproximadamente um hora, só observando e isto vai aos poucos irritando o pescador, que apesar de concentrado, não pode deixar de observar o caboclinho que ali permanecia como uma estátua e a certa altura resolve partilhar sua tralha de pesca, oferecendo ao ribeirinho as ferramentas de pesca na tentativa de pelo menos arrumar um companheiro para a tarefa. Oferta feita, o rapaz olhou para o tempo, matutou e respondeu quase num monologo
_______ Num tenho pacença prisso aí não seu moço!
Dito isto, se alevantou, aprumou por entre as arvores da barranca do rio, foi embora desaparecendo entre a mata ciliar.