Estória que o Vovô contava!
O Pescador e o Caçador!
Pescarino o pescador, batizou o filho do caçador, que gostava de comer rapadura com farinha, tomar cachaça e caçar!
Quando os dois compadres se acomodavam ao lado do fogão a lenha, as crianças se sentavam em volta, para escutar suas estórias!
Num belo dia; devido às estórias extravagantes do pescador, os dois se desentenderam e passaram a discutir!
Pescarino contou, que certa vez quando estava pescando, um peixe enorme havia quebrado sua linha e levado a isca!
Mas ele que era insistente, retornou mais tarde ao mesmo local munido uma linha mais resistente e uma isca maior!
Assim que jogou o anzol na água, o peixe engoliu a isca, quebrou a linha e fugiu; mas ele não desanimou: Na manhã do dia seguinte, voltou para a beira da lagoa com um anzol maior e uma linha mais grossa; colocou um frango no anzol e jogou na água, mas o peixe engoliu o frango, quebrou a linha e se mandou!
Então, ele voltou bravo para casa!
Pegou o maior anzol que encontrou, encastoou em uma linha mais resistente, colocou um peru de isca e jogou na água: Mas o peixe engoliu a isca, quebrou a linha e se mandou!
Ai sim, ele ficou maluco: Voltou para casa, arrumou um cabo de aço, fez um anzol, encastôo no cabo de aço, colocou um porco de isca! Quando jogou o anzol na água, o peixe engoliu o porco; e para não ser arrastado para dentro da água, o pescador soltou o cabo de aço e o peixe acabou fugindo!
Foi ai que ele teve uma grande idéia:- Vou conseguir um anzol e um cabo de aço bem forte; colocarei um novilho de isca e amarrarei no pára-choque do calhambeque: Desta vez vou tirar este peixe da água! E assim fez: Só que, quando a isca bateu na água, o peixe a engoliu e puxou com tanta força, que arrancou o pára-choque do calhambeque! Então o pescador, tomou a decisão, de que iria pegar aquele peixe de qualquer forma: Como o trem passava nas proximidades da lagoa às seis horas da tarde; ele comprou um cabo de aço bem forte, encastoou em um anzol imenso, colocou um boi de isca e ficou esperando; assim que o trem apitou na curva, ele fisgou o boi no anzol; empurrou para dentro da água, e rapidamente laçou o trem com o cabo de aço! Então começou a luta do peixe com o trem; um puxava para cá e o outro para lá, parecia uma briga sem fim; até que o peixe começou a se cansar, e o trem foi puxando a lagoa morro acima, mas o danado do peixe não saia da água!
Ai o torneiro mecânico caçador, tomou um gole de cachaça com garapa, deu uma cusparada, se arrepiou todo e falou; - compadre, isso não é nada: Ainda se lembra daquela vez que sua família me visitou e nós comemos doze faisões?
- Sim compadre, eu me lembro! Aqueles pássaros estavam muito saborosos, como eu havia de me esquecer?
-Então, o compadre também deve se lembrar que; enquanto o compadre proseava na sala, eu fui caçar, e pouco tempo depois voltei com meu embornal cheio!
-Sim compadre, eu lembro!
- Só que, antes de sair para caçar, eu que sou prevenido, contei as visitas, e como eram seis da minha família e mais seis da sua, separei doze caroços de chumbos; coloquei na minha espingarda, e fui em direção ao cafezal; lá chegando encontrei um bando de tico-tico! Então fiquei a matutar: - Não adianta eu atirar em pássaros pequenos, pois eu já trouxe os caroços contados, pelo fato de que, preciso levar mistura para doze pessoas!
Foi ai, que notei um bando de juritis, empoleiradas nos galhos de um imenso pé de café; então passei a contá-las! E como só tinha onze juritis, eu resolvi não atirar! Esperei por mais alguns instantes, até que olhei mais adiante e notei um bando de faisões pousando em uma arvore! Só fui contando... Assim que interou doze, eu arrastei o dedo; foi só pena que voou! Com a maior calma, eu caminhei até o local e comecei a colocar os faisões no embornal; mas a maior surpresa, foi quando já estava em casa, e passei a contá-los; só então, notei que havia somente onze faisões!
Ai eu achei estranho, e passei a matutar: - Eu sou bom na matemática, nunca erraria uma continha destas, além do mais nunca erro um tiro; e visita na minha casa não come sem mistura: Foi então que tomei a decisão, de voltar ao cafezal, pois precisava descobrir o que havia acontecido!
Quando cheguei embaixo da arvore, procurei, pelos cantos, revirei as moitas de capim e nada; mas quando olhei para o alto, o caroço de chumbo estava correndo atrás do faisão, que voava em torno de um galho! Então dei um grito com o danado; ele tomou um susto e o chumbo a alcançou!
- Mas compadre isso é mentira!
Mentira é o seu trem puxar a lagoa morro acima!
- Se não acredita compadre, eu ti levo na lagoa, e mostro onde eu peguei um peixe, que só a fotografia pesava cinqüenta quilos!
Disserto que acredito: - Uma noite eu sai para tomar um ar, e notei que o céu estava escuro, e ai eu vi uma enorme claridade pras banda da lagoa; até pensei que a lua havia caído na água, e quando mergulhei para salva-lá, encontrei um lampião aceso lá no fundo!
- Mas lampião aceso dentro da água compadre? Isso, é que é mentira!
- Mentira nada: Se o compadre diminuir o tamanho do seu peixe, eu apago o meu lampião!
Tanto o pescador como o caçador, são homens sérios e políticos!
E seus familiares, se tornaram gênios, milionários, fazendeiros e empresários!
E juntos; pregam em uma só voz, que condenam os enriquecimentos ilícitos e a corrupção; pois o que mais prezam e desejam; é justiça social, e a felicidade da Nação!
E vc dorme no barulho deles?