CULPA DA PERUCA...

Era uma grande pessoa, um excelente pai, esposo amantíssimo... E grande amigo. Realmente uma perda lastimável. Dr. Paulo, médico muito conhecido, veio a falecer de um acidente, deixando esposa e filhos, amigos consternados pela perda brusca e prematura.

Todos então, diante do fato, correram para consolar a família. Um velório realmente concorrido, pela posição social do falecido.

Todo velório por mais consternado que seja sempre tem a turma dos “casos”, das piadas, das benfeitorias do morto, de como era bom.

Enquanto aqueles que choram e lamentam o tempo todo. Muito café servido..., algumas guloseimas para o tempo passar. Assim corria o velório do querido Dr. Paulo.

Dona Marina, jovem senhora ativa e sempre muito ocupada, bonita e vaidosa de sua aparência; não tinha passado muito bem aquele dia... Deixando então o cabelereiro e as compras necessárias para o dia seguinte. Além do desconforto físico, sentia um aperto no coração que não sabia definir.

Até que ao cair da noite, recebe um telefonema, dando conta do falecimento de seu querido amigo de longa data, Dr. Paulo.

Entristecida, não poderia jamais deixar de dar seus préstimos e consolo a família amiga.

Lembrou-se então, que não estava arrumada, deixou de ir ao cabelereiro... Cabelo desarrumado e agora! – Mas que coisa, nesse momento, não é hora para pensar em beleza, nem nada.

Diante disso, pegou sua peruca, na caixa... essa sim está sempre pronta para qualquer emergência...Pois só faz alguns dias que foi lavada e arrumada... Estava perfeita.

Vestiu-se com esmero, como sempre, muito elegante... uma maquiagem leve, simples, para esconder um dia de mal-estar, prendeu bem o cabelo e colocou a peruca.

- Ótimo. Estou muito bem... Como o momento exige. Podemos ir.

Chegando ao velório, já com lágrimas nos olhos, foi direto a família consolar... abraços, sentimentos expostos... Dona Marina se dirigiu ao morto para a despedida tão dolorida,

afinal uma grande perda. Ao aproximar se do caixão, comovida... Inclinou se para um beijo sincero na testa do morto depositar... Foi então, que o inusitado aconteceu...

Ao inclinar se, dona Marina, não percebeu, mas encostou seus cabelos na vela acesa que ladeava o caixão... Instantaneamente pegou fogo, a peruca.

Todos os presentes se agitaram, alguns tentaram correr em socorro da senhora.

Dona Marina, não pensou duas vezes, arrancou à peruca, jogando a no chão e ato seguinte,

pisava e pulava em cima dela ,tentando apagar o fogo. Como desgraça nunca vem sozinha, dona Marina ao pular quebrou o salto do sapato e sentindo que o chão inevitavelmente a esperava, segurou se no que mais próximo tinha da mão... O caixão.

Então, diante dos olhos arregalados dos presentes, impotentes perante o fato... Dona Marina e Dr. Paulo, com caixão e tudo o mais, estatelaram se no chão, produzindo um enorme estrondo.

Os mais próximos, ao ajudar dona Marina, a encontraram sob o corpo do morto, como que abraçados e rostos colados sugerindo um apaixonado beijo, com as flores envolvendo-a. A viúva diante dessa visão, enciumada, após alguns impropérios, desmaiou.

Dona Marina, muito envergonhada, com ajuda se levantou, sacudindo a roupa e pegando seus pertences... Mancando pela falta do salto. Saiu esbravejando: - Nem depois de morto, esse pervertido mulherengo me deixa em paz.

KOKRANNE
Enviado por KOKRANNE em 13/07/2010
Reeditado em 13/07/2010
Código do texto: T2374681
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