Fuzuê

FUZUÊ

DE: Wagner Criso

“Óia ieu aqui de novo traveis.

Ieu num vim buscá foi ocêis!

Ieu vim buscá foi a Sinhora Dona Muié das furmusura e cherosa.

Vista logo as carçola vremeia e u vistido fino de chita rosa.

Vamo imbora maisi ieu de vorta lá pra roça.

Noisi vai de trem memo ieu num truxe a minha caroça!

A festança de São Jão nu arraiar já ta na hurinha de cumeçá!

Oia que só ta fartano a Sinhora Dona Muié das furmusura,

E o mané do bestaiado d’eu criatura.

Quem tá dando a festança é um tar Coroner amigo de ieu.

Já tão lá inté us fio zuiudo tudo da Mariinha e du Irineu.

Se a Sinhora se demorá um meisi pra se rumá,

Nem um muncadiquim do capado vai dá pra mode isprementá.

Se a demora fô munto danada de grande sô,

O capado que foi feito na brasa e virô churrasco já cabô.

Festança na roça tem fartura pra quem quizé e é munto.

Maisi si bubiá us minino fio do Irineu come inté caba tudo!

Us minino zuiudo parece inté que nasceu só pra mode cumê.

Maisi u bão memo é u tar do danado Du fuzuê.

Vamo dipressa de vorta lá pra roça cum ieu Dona Muié.

Anda logo ligerim carça a chinela nus pé.

Traga cá Sinhora tomem u imborná.

Aquele de saco alvejado branquim pra daná.

Quem sabe sobra Du capado u tocim,

U rabo, as zoreia e u fucim.

Daí antão um-a belezura de fejuada noisi vai pripará.

Nem us cachorro vai cumê, mode que nada vai sobrá.

Maisi anda logo Dona Muié demoradêra.

Noisi vai caba perdendo a jardinêra.

Adispois inda tem u trem vindo da istação.

O trem é de ferro sabe diritim a direção.

Pra chegá na roça dipressa já demora.

Anda logo Dona Muié cherosa Du vistido fino de chita rosa.

Quano noisi chegá lá na roça ieu aprisento pra ocê u resto Du pissuar.

Pode se acarmá que eis tudo D’ocê vai gostá.

E us que num gostá, eis que vão pra distrais du mato defecá. Vamo logo Dona Muié do vistido rosa, ieu já to doidim pra mode cumê.

Vamo antes que acaba o danado de bão Du fuzuê".