Hamilton dos Santos, brasileiro, casado, 53 anos, pai de família: profissão Cidadão - CAPÍTULO III

III

Noutro ponto da cidade de Salvador, numa casa tão humilde quanto aquelas construídas com extrema dificuldade pelas duas mulheres e suas respectivas famílias, despertara o operador de máquinas Hamilton dos Santos por volta das cinco horas da manhã.

Brasileiro, com 53 anos de idade, casado com dona Marilene Silva Conceição e pai de nove filhos, morava aquele trabalhador numa pequenina casa de dois cômodos localizada numa outra área da periferia de Salvador.

Havia acordado um pouco temeroso e confuso naquele dia. Um sonho ruim produzira nele fortes sentimentos de tristeza. Sua mulher levantara pouco antes e lhe preparara um café forte e reforçado com pão e manteiga.

Dirigir tratores e operar outras máquinas como aquela era com certeza um trabalho por demais desgastante e cansativo e ela não admitiria que o seu homem saísse de casa sem se alimentar corretamente.

Em seguida o tratorista se encaminhara até a empresa na qual laborava, a JLD Transportes e Terraplanagem. Entre outros serviços, essa firma realizava obras de terraplanagem e locação de máquinas como carregadeiras, tratores e retroescavadeiras.

Há muitos anos que o seu Hamilton trabalhava naquela empresa. Sua função ali era operar todos os tipos de máquinas, desde os menores tratores até as descomunais e poderosas retroescavadeiras e pás mecânicas.

Ele já lidava com aquele tipo de equipamento há mais de 30 anos e sentia o maior orgulho de si quando se via por detrás dos pára-brisas de uma máquina daquelas.

Após cada dia em que pisava no terreno da empresa em que trabalhava representava para ele e para a sua família o alimento colocado dentro de casa sempre com muita dignidade e responsabilidade.

Naquela manhã do dia 02 de maio do ano de 1993, logo que se apresentou na sede da empresa, o seu Hamilton recebeu de seu patrão a ordem de ir derrubar umas casas velhas e vazias que supostamente se encontravam ameaçadas de desabamento no distante bairro da Palestina.

E foi o que fez. Montou no assento do “Major” - que era como fora apelidada uma das retroescavadeiras pelos operadores da empresa de terraplanagem - e se pôs a caminho na direção do local em que deveria prestar o serviço.

Luís Antônio Matias Soares
Enviado por Luís Antônio Matias Soares em 18/06/2010
Reeditado em 30/06/2010
Código do texto: T2326511
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