Hamilton dos Santos, brasileiro, casado, 53 Anos, pai de família: profissão Cidadão - CAPÍTULO II

II

O bairro da Palestina se localiza nos limites da cidade de Salvador com o município de Simões Filho, por volta do quilômetro quatorze da BR 324.

Sua população atual é superior a vinte e cinco mil habitantes extremamente mal servidos por qualquer tipo de infra-estrutura básica. Lá praticamente inexiste saneamento urbano, as ruas são de terra batida e o asfalto é coisa que ainda se encontra a quilômetros de distância do bairro.

Além disso, podia-se ver em muitas daquelas ruas o esgoto correndo a céu aberto e trazendo uma série de riscos e malefícios à saúde e à vida das crianças e dos adultos do bairro.

Era por esse motivo que em diversos lugares a própria população havia providenciado a instalação de certo tipo de “ponte” constituída por taboas ou ripas de madeira que eram dispostas sobre os terrenos ou as ruas onde a água podre escorria.

Em relação ao atendimento medico em postos de saúde e à aquisição de medicamentos nas farmácias – necessidades vitais tão importantes no dia-a-dia de qualquer cidadão – eram encontradas apenas em Valéria, um bairro que faz divisa com o da Palestina.

O nome Palestina surgira logo depois que fora implantada no bairro a primeira linha de ônibus. Na época tinham sido propostas diversas denominações, mas fora a “Palestina” que acabara gozando de maior simpatia e apreço tanto entre os habitantes mais antigos quanto entre os recém chegados. Os primeiros haviam chegado ali por volta de 1960.

Fora numa assembléia realizada na Escolinha do Mobral - através de um democrático processo de votação - que restou aprovado por toda a gente o nome do bairro.

Naquela época os defensores da referida designação pretenderam homenagear no nome do bairro o território e o povo da Palestina, assim como a sua longa e difícil luta pela terra.

Eles - os habitantes do bairro baiano que se formara numa das margens da capital da Bahia - se sentiam um pouco como aquele distante povo do Oriente Médio. Eles percebiam na sua luta os mesmos interesses e ideais presentes naquela população que habitava a costa oriental do Mar Mediterrâneo e as margens do Rio Jordão.

Luís Antônio Matias Soares
Enviado por Luís Antônio Matias Soares em 17/06/2010
Reeditado em 30/06/2010
Código do texto: T2324469
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