DOCES LEMBRANÇAS ME TRAZEM... O ASTRO REI E A MÃE NATUREZA!
Caminhando pela manhã, pelas trilhas de minha terra, tenho o privilégio de assistir o espetáculo ao nascer do sol. Quando ele aponta sorrindo no horizonte. Deitando seus raios na encantadora planície, onde desliza e serpenteia preguiçosamente o rio Picão, bocejando uma cortina branca de neblina que se estende pelas varzeas. O cenário parece um leito nupcial coberto por um véu de noiva.
Os passarinhos o recebem, regidos, pela mãe natureza solfejando os encantadores acordes com o sublime gorjear diversificado por suas variadas espécies.
Às vezes me ponho a recordar como eram essas trilhas no meu mundo criança. E faço uma comparação imaginária detalhada das duas situações. E no final resta-me agradecer a Deus o tributo que ele me concedeu. Por estar vivo e desfrutando das maravilhas as quais foram sendo conquistadas ao longo do tempo através de luta e muito trabalho.
Embora as inumeras perdas estejam sempre presentes, a me torturar com as lembranças. No passado eu não caminhava, corria atrás de meus sonhos e objetivos. Uma necessidade do momento. Não tive tempo de render graças ao criador por tudo de bom que me cercava, a começar por aquele pequeno povoado descalço e mal vestido com seus parcos recursos onde se podia dormir de portas e janelas abertas sem nenhuma preocupação.
Atualmente caminho por recomendação médica, carregando nas costas o peso dos anos, que acumularam em várias décadas. Acompanhado de uma saudade danada daquela paisagem do meu passado, quando a mata desta planície era bordada pelo mesmo bocejo do rio Picão, mas acrescido pelas chaminés. Que como o sol deitando seus raios, também deitava sua fumaça branca. Hoje inexistente, cujos fogões de lenha aquecendo os pobres casebres foram substituídos pela frieza do fogão a gás. Mas com certeza valeu a pena. Quantos amigos, não tiveram esta dádiva divina e já partiram.
Meu querido Engenho já não é mais aquele mal trajado arraial... Vestiu-se socialmente, tomou postura, e já pode ostentar o nome de cidade caso aja vontade política para tal.
Está situado numa planície, cuja paisagem nos prova que realmente a terra é mesmo redondo, basta o olhar ao nosso derredor donde a vista alcança e vislumbrar a beleza sem limites, que a paisagem apresenta na longínqua circunferência do horizonte. A cor verde das matas se encontrando com o azul celestial. Embora sem o mais belo. A pintura que a meu ver ilustrava a paisagem no passado. Garça branca aos bandos em contraste com o azul do infinito e a verde oliva das maritacas sobrevoando o louro do arrozal. E ainda a ausência das inumeras chaminés içadas em riste bordando ao longe com sua fumaça branca as verdejantes matas. E que cederam espaço ao reluzente brilho de equipamentos indispensáveis a esta fantástica tecnologia a qual temos a nossa disposição.
"-Saudosas chaminés sinalizando a presença laboriosa, em seus casebres, dos colonos de mãos calosas que irrigavam a terra com o suor do rosto na defesa do seu pão de cada dia"!!!